Caio César

Paulo Mendes da Rocha: “São Paulo não tem solução”. Será?

A premissa básica para a crítica de Mendes da Rocha gira em torno de duas coisas: Suposto excesso populacional; e Dificuldade de desurbanização caso a população pudesse ser drasticamente reduzida. Eis o fragmento que nos interessa: Cita o que considera bons exemplos da metrópole, como o Copan, de Oscar Niemeyer, e o Conjunto Nacional, de David Libeskind, ambos de uso misto e com térreos abertos. Mas afirma que São Paulo, como um todo, “não tem solução”.

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Uma visão geral sobre serviços expressos

E daí? Bom, você já deve estar perguntando: “tá, mas e daí que só tem duas vias?”, daí que construímos linhas com 40, 50 km, que não oferecem múltiplos serviços e todo mundo parece achar normal ir pingando o caminho inteiro, ou pior, todo mundo parece achar normal quase se matar para arranjar um assento no horário de pico. Vamos fazer contas. Um trem típico da CPTM tem 8 carros. Cada carro tem 32 pares de portas.

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Privatização: sonho, pesadelo, ilusão?

Pra começo de conversa O primeiro ponto que precisa ser deixado muito claro, é que o termo privatização é usado de forma indiscriminada e, nem sempre, clara. Sendo assim, muitas empresas privadas são ignoradas (o ônus é totalmente transferido à figura do Estado, contratante e/ou concedente) ou ganham absurda visibilidade (o ônus, novamente, costuma ser transferido à figura do Estado, agora por meio de comparações no quesito eficiência, como se fossem simples ou possíveis de serem feitas).

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15 ações para melhorar a CPTM na Zona Leste

Prólogo Para desatar o nó e o pessimismo que congela qualquer tipo de mobilização, decidimos propor 15 ações para tentar solucionar os problemas de mobilidade que afetam sobretudo os passageiros do Alto Tietê e parte da Zona Leste. Considerando que as linhas já existem e estão predominantemente em superfície, o custo é consideravelmente menor em comparação sistemas novos e em subterrâneo, por exemplo, no caso da expansão da Linha 5-Lilás (atualmente Capão Redondo-Adolfo Pinheiro), o investimento chega a R$ 4,5 bilhões.

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Paranapiacaba: quando vão aprender a lição?

Prólogo As impressões se referem ao estado da vila em outubro de 2016 e a visita ao local foi feita em um sábado ensolarado. Para facilitar a leitura, os assuntos foram separados em tópicos. Expresso Turístico? Que nada! Apesar da popularidade do Expresso Turístico da CPTM, cujos ingressos para a viagem Luz-Paranapiacaba se esgotam rapidamente, é possível ir até a vila de uma forma muito mais barata, menos charmosa, é verdade, mas se falta charme, não falta flexibilidade, já que os horários de partida e retorno ficam livres da rigidez necessária a um serviço como o Expresso Turístico.

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Entre um milkshake e um sufoco

Sim, é uma provocação. Quer ver um exemplo? Quer ver como faz falta ter mais gente discutindo sobre a vida nas cidades? Escrevo este post após ter conhecimento de uma iniciativa conjunta das organizações ITDP e WRI, muito louvável, mas... quando visitei a página “Infográfico aponta onde estão as pessoas e o transporte na cidade de São Paulo” no site do ITDP, fiquei assustado ao me deparar com um material que chama as linhas da CPTM de “Ramais de trem” — em sã consciência, quantos passageiros usam o termo “ramais” em São Paulo para se referir às linhas da CPTM?

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Outra concessão no horizonte: 17 terminais de ônibus do Metrô

Desestatização Sem dúvidas, a audiência é parte integrante de mais uma das manobras do programa de desestatização do Governo do Estado de São Paulo, tanto que no dia seguinte, 23/09/2016, está prevista outra audiência no mesmo local, que visará discutir a concessão da Linha 5-Lilás (atualmente Capão Redondo-Adolfo Pinheiro, futuramente Capão Redondo-Chácara Klabin). Neste caso, já há um evento no Facebook, organizado pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo, que convida interessados e interessadas a comparecerem para se opor às intenções do governo paulista.

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Reformada, Estação Poá apresenta qualidade aquém do esperado

Introdução A Estância Hidromineral de Poá é um pequeno município no Alto Tietê, que recentemente foi agraciado com a reinauguração da Estação Poá, na Linha 11-Coral (Luz-Guaianazes-Estudantes) fruto de uma readequação funcional realizada pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), com projeto da gestão atual da Secretaria dos Transportes Metropolitanos. Assim como as estações Franco da Rocha (reconstruída) e Vila Aurora (nova), ambas na Linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí), o projeto é claramente pobre e contrasta duramente não só com as estações mais novas da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), mas também com as estações novas da CPTM que foram projetadas na gestão anterior, sobretudo no governo de José Serra (PSDB).

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Uma mentira bem contada: a lenda da Linha 4-Amarela

Prólogo Para facilitar a leitura, vamos atacar diferentes pontos e desconstruir, pouco a pouco, ideias que parecem incentivar (por parte da população) mais concessões à iniciativa privada, ignorando o horizonte de longo prazo e também o histórico de investimentos na malha. Primeiro ponto: a linha é curta Conforme informações do site oficial da própria concessionária, mesmo concluída, serão apenas 12,8 km de extensão: Quando estiver totalmente pronta, a Linha terá 12,8 quilômetros de extensão e 11 estações, ligando a região Luz, no centro de São Paulo, ao bairro de Vila Sônia, na zona sudoeste.

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Mudança da Ceagesp pode afetar Linha 7-Rubi da CPTM

Atualização (20/07/2019): segundo o jornal Folha de Alphaville, o governo permanece avaliando as propostas e promete um parecer até o final do ano. O texto a seguir foi escrito em 2016 e continua válida uma boa parte dele. Entre Perus e Caieiras São informações colhidas em confirmadas em reportagem de hoje, 03/08/2016 da Folha de S.Paulo, jornal que costuma se lembrar da Linha 7-Rubi apenas quando tragédias ou falhas graves acontecem, a Ceagesp em Perus teria um contingente estimado em aproximadamente 30 mil trabalhadores, com 4 milhões de m² de área.

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O Grande ABC precisa mesmo se sujeitar à EMTU?

Mais uma vez moradores e frequentadores do Grande ABC se depararam com uma greve parcial nos ônibus intermunicipais (veja aqui e aqui), um tipo de greve que expõe não apenas os problemas trabalhistas, mas também a situação de falência e precariedade das empresas que atuam na região, um verdadeiro museu a céu aberto, abrigando a frota de intermunicipais mais velha e mal conservada de toda a Grande São Paulo, na única área do sistema da EMTU que não opera em regime de concessão, mas sim majoritariamente de permissão.

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A grama do VLT do vizinho é mais verde

Tenho ficado assustado com o apreço pela estética que tem sido defendido. Parece-me ser um tipo de apreço classista, que não dialoga com as desigualdades e surge de impressões ainda muito preliminares e, portanto, pouco maduras. Ao invés de buscar entender a proposta das linhas e qual o público que se pretende atender, a discussão não avança além da polarização entre feio e bonito, que se mistura com o desejo de romper com o rodoviarismo que ainda recorta e molda cidades pouco humanas.

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Você também é pedestre, não se esqueça!

Minhas relações com a mobilidade a pé, ao menos nos últimos anos, têm se baseado numa perspectiva intermodal, que funciona basicamente da seguinte forma: caminhada + transporte coletivo (preferencialmente de alta capacidade) + caminhada, ou seja, eu saio da minha casa, caminho um pouco até um ponto de ônibus, embarco, sigo até uma estação da malha metroferroviária, embarco mais uma vez e depois volto a ser caminhante quando desembarco no meu destino, que pode estar a 10, 20 ou até 50 km de distância.

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Embarque com a gente!

Nosso caminho tem sido apontar os problemas e discutir soluções, tem sido mostrar que o mesmo que sistema que causa inegável sofrimento e cansaço, também é responsável por sustentar relações sociais e territoriais que influenciam diretamente na economia e no acesso a equipamentos públicos e privados dos mais diversos. Precisamos do transporte coletivo, mas não somente, precisamos aprender a discuti-lo. Para que nossas cidades sejam capazes de nos proporcionar uma melhor qualidade de vida, inclusive com uma menor necessidade de longos deslocamentos, o transporte coletivo precisa funcionar muito bem, para tanto, suas relações com o planejamento urbano não podem ser subestimadas.

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Duas linhas da CPTM podem parar nas mãos da iniciativa privada

Prólogo A ideia de conceder a CPTM à iniciativa privada não é nova, na realidade, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos nada mais é do que uma empresa que planeja e projeta a expansão de uma malha que é totalmente dependente da contratação de empresas privadas para funcionar, seja na manutenção dos trens, passando pela limpeza das estações e atendimento de balcão, até chegar nas obras de modernização da infraestrutura.

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Construtora anuncia plano para o Tatuapé e moradores culpam prefeitura

Contextualização O Tatuapé é a região mais cara da Zona Leste da capital paulista. Sua importância tem crescido a medida que o zoneamento, muito permissivo, facilitou o surgimento de um polo gastronômico, boêmio e comercial, cuja força se soma aos eixos rodoviários e metroferroviários da região, com destaque para as avenidas Radial Leste e Salim Farah Maluf, bem como para o corredor de alta capacidade formado pelas linhas 3-Vermelha da Companhia do Metropolitano de São Paulo, 11-Coral e 12-Safira da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

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A gente tá falando da mesma cidade?

Introdução Tudo bem, São Paulo é gigante, tudo bem, envolver toda a Grande São Paulo torna tudo mais gigante ainda, mas por qual motivo a gente, que discute e luta por cidades melhores, precisa repetir os mesmos erros da imprensa e mais uma porção de pessoas, que só olham para meia dúzia de bairros e esquecem de todo o resto? Pior, por qual motivo a população que vive na parte esquecida só se torna importante quando realmente é conveniente para ser lembrada, como para ser utilizada como escudo ou munição em discussões, disputas políticas etc?

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Estrangeiros no próprio país

Em primeiro lugar, não, não quero falar aqui sobre uma região de 20 milhões nas quais ninguém precisa gastar horas e horas se deslocando, não por desmerecer aqueles que acreditam em algo assim, mas por entender que a missão do Coletivo é lutar por um melhor transporte coletivo, que por sua vez, representa os alicerces para uma cidade mais humana e racional, na qual o transporte coletivo é uma ferramenta de acesso que não deixa cicatrizes, na qual o transporte coletivo não é um triste espelho de realidades e dilemas que são, em muito, fruto de uma cidade voltada para o automóvel e na qual as áreas com melhor infraestrutura de transporte possuem um valor de m² pornográfico.

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Arrastão na Linha 11: cadê o debate sobre políticas públicas?

A imprensa, sempre a imprensa Agora a crítica não vai para o Estadão, mas para a Globo, que por meio de seu portal G1 e da afiliada TV Diário, decidiu cobrir algo que, até então, só havia sido comentado no Twitter: @tamara_its arrastão? — Linha 11 Coral (@Linha11Coral) April 23, 2016 @tamara_its nossa, que horas aconteceu isso? — Linha 11 Coral (@Linha11Coral) April 23, 2016 E qual o problema da cobertura feita pela emissora e seu portal de notícias?

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Eles não desistem!

E saiu mais um editorial pra lá de questionável do Estadão, que faz uso de argumentos baseados numa necessidade de rigorosos estudos de demanda e impacto de vizinhança para justificar a expansão cicloviária (dando a entender que absolutamente nada existe, o que não é bem verdade). Novamente, não ficaremos calados! A verdade é uma só: o Estadão é, historicamente, conivente e negligente na cobertura das questões do transporte coletivo em toda a metrópole, de Francisco Morato a Mogi das Cruzes, de Itapevi a Rio Grande da Serra, passando pelas regiões mais nobres ou mais estigmatizadas da capital paulista, o periódico sempre mediu esforços, tendo uma equipe minúscula (principalmente nos dias atuais) e, não seria exagero dizer, nada incentivada a pautar com seriedade e abrangência o transporte metroferroviário e o incentivo irresponsável ao automóvel (que não é restrito ao IPI, como alguns tentam mostrar, criticando seletivamente parte do Estado Brasileiro).

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