Caio César

Em tempos de epidemia, cresce oportunismo em torno da mobilidade por apps

Este artigo foi adaptado a partir de uma série de tuítes publicados em 15/04/2020. Seu objetivo é estimular a reflexão, apontando uma série de questões que precisamos ter em mente antes de ceder a qualquer tipo de lobby em torno das ofertas de mobilidade como serviço sob demanda. Como de costume, as noções de que serviços de transporte não são produtos de prateleira e de que é um equívoco supervalorizar a mobilidade demandada via aplicativos, são dois pilares fundamentais da argumentação.

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CPTM negligencia proteção de funcionários durante epidemia

Com o crescimento das medidas de restrição na circulação de pessoas, parte importante das estratégias de contenção do COVID-19, saberíamos que, mais cedo ou mais tarde, receberíamos relatos e informações envolvendo o transporte metropolitano. Após algumas semanas de crescente isolamento preventivo, o Sindicato da Sorocabana enviou ao COMMU um release de imprensa no qual apontava que “obteve na Justiça Regional do Trabalho importante vitória para a prevenção o dos funcionários da CPTM contra o novo coronavírus, especialmente para os trabalhadores das linhas 8 e 9 da CPTM, que em tempos normais são responsáveis pelo transporte de 1 milhão de pessoas diariamente”.

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Nova Estação Lapa não contemplará Linha 9-Esmeralda

Com a realização de uma audiência pouco divulgada no final de fevereiro, o Executivo paulista, liderado pelo governador João Doria (PSDB), revelou que o vencedor da concessão das linhas 8-Diamante (Júlio Prestes-Itapevi-Amador Bueno) e 9-Esmeralda (Osasco-Grajaú) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) deverá construir uma Estação Lapa unificada, responsável pela integração entre a Linha 8-Diamante e a Linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí). Legenda: Perspectiva da Estação Lapa, extraída do slide 24 de apresentação do governo estadual datada de 27/02/2020 O que muitos não sabem e alguns poucos estão descobrindo agora, é que a estação unificada, recém-incluída no escopo da concessão, não considera a presença da Linha 9-Esmeralda, como podemos observar na maquete digital acima, consequentemente, a chance de otimizar os deslocamentos mais longos entre o oeste metropolitano e o oeste paulistano, representados pela operação de um trem expresso entre as estações Barueri, Carapicuíba, Osasco e Pinheiros, está sendo colocada numa profunda e escura gaveta, que deverá fichar trancada por pelo menos 30 anos — prazo da concessão convencional proposta pelo governo estadual.

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Monotrilho: precisamos de mais bom senso na discussão sobre a Linha 15

A interdição da Linha 15-Prata (Vila Prudente-São Mateus) por parte da Companhia do Metropolitano de São Paulo (METRÔ, corriqueiramente grafada como Metrô) exacerba a crise de imagem da companhia e, sobretudo, da própria linha, que tem sofrido com o que parece ser um misto de equívocos típicos, que permeiam todas as obras, ineditismo e outros equívocos maiores, cuja explicação até hoje não foi tornada pública. Muito antes da chegada a São Mateus, foi no mínimo estranho receber notícias de que o ribeirão da Moóca, que corre sob a Avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello, havia sido negligenciado, passando ao largo do delicado e complexo processo de planejamento que, esperamos, ocorre antes das obras civis de grande envergadura, como é o caso da construção de uma linha de metrô leve, tal qual a Linha 15-Prata.

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Contra privataria, COMMU se reúne com representante do deputado Carlos Giannazi

Na manhã de segunda-feira, 02/03/2020, dois representantes do Coletivo se reuniram com Victor Guerreiro, representante do mandato do deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL). O encontro, realizado poucos dias após uma audiência pública realizada pelo Executivo estadual, encabeçado pelo governador João Doria, buscou definir estratégias em torno do caráter lesivo da concessão das linhas 8-Diamante (Júlio Prestes-Itapevi-Amador Bueno) e 9-Esmeralda (Osasco-Grajaú) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), sem deixar de lado a PPP do Trem Intercidades (TIC) entre São Paulo e Campinas, que incorpora a Linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí).

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Abismo tecnológico separa portais de transparência do Metrô e da CPTM

Enquanto a Companhia do Metropolitano de São Paulo (METRÔ, comumente grafado Metrô) ostenta um portal de transparência baseada numa plataforma dedicada e especialmente desenhada para abertura de dados (DKAN), a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) continua improvisando soluções dentro do Microsoft SharePoint. Legenda: Portal de transparência do Metrô (esquerda) e CPTM (direita) A primeira má impressão com relação ao portal da CPTM começa com os ícones: além da ausência de um ícone para a seção “Prestação de Contas / Contratos de Publicidade”, o alinhamento é, no mínimo… curioso.

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CPTM abandona passageiros aos finais de semana e deixa de comunicar obras

A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), apesar das novas ações de transparência precariamente adotadas em 2019, como o fornecimento de uma planilha e uma apresentação de slides sobre obras (infelizmente ambas com aparência amadora) em estações, decidiu remar na direção oposta e deixou de informar quando e quais obras está realizando. Desde então, a partir das 21h de sábado, a CPTM informa que o intervalo é de pelo menos 30 minutos, tenha ou não alguma obra.

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Monotrilho: capacidade está longe do esgotamento

Notícias abordando as estratégias de contenção de fluxo de passageiros na Linha 15-Prata (Vila Prudente-São Mateus) parecem ter desencadeado a noção de que uma das mais novas linhas da Companhia do Metropolitano de São Paulo, poucos meses após chegar em São Mateus, na periferia da capital paulista, teve sua capacidade esgotada. Nada mais falso. Segundo dados oficiais acerca da infraestrutura, sabe-se que 189 carros integram a frota da Linha 15-Prata, sendo que as composições, que possuem 7 carros cada, nos picos circulam a cada 3 minutos e 40 segundos (204 segundos).

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Doria e o enxugamento do estado

Legenda: Assentamento precário nas cercanias da Linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí) em Francisco Morato (coordenadas -23.265944, -46.751306) João Doria insiste na narrativa de um estado minimizado, incapaz de realizar investimentos de vulto e direcionar de maneira qualificada e estruturante o crescimento e manutenção dos tecidos urbanos da Região Metropolitana de São Paulo. O governador pode agradar a uma parcela do eleitorado ao defender a lobotomia do aparato estatal, mas, na prática, as reações do eleitorado nem sempre são compatíveis com sua adesão ao discurso.

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Terminal da futura Linha 20 no ABC mal conta com acessibilidade e plataformas cobertas

Introdução Aventada como possível terminal da Linha 20-Rosa (até então Lapa-Afonsina), a Estação Prefeito Saladino da Linha 10-Turquesa (Brás-Rio Grande da Serra) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) não vive seus melhores dias. Na verdade, talvez não seria exagero dizer que, para o tipo de serviço que a CPTM presta, a estação jamais esteve adequada. Nos últimos meses, fotografamos e utilizamos a estação com um olhar crítico. Com a notícia de que a Linha 20 poderá terminar no município de Santo André, decidimos publicar algumas considerações sobre a estação, com o objetivo de reiterar a importância de modernizar as instalações da CPTM, uma vez que a estagnação do programa de modernização reforça assimetrias indesejáveis entre os dois sistemas que compõem a rede metroferroviária, reduz a qualidade de vida da população e marginaliza os territórios e pessoas atendidas pelas parcelas “esquecidas” da rede.

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Planejar rotas envolvendo Uber e transporte público não é mais novidade

Contextualização A despeito da coletiva envolvendo Claudia Woods, diretora geral da Uber no Brasil e o atual secretário dos transportes metropolitanos, Alexandre Baldy (Progressistas), a verdade é que combinar rotas de transporte público com serviços como Uber e 99 já era possível. Legenda: Vídeo da coletiva de imprensa realizada em 14/11/2019, no canal oficial do Governo do Estado de São Paulo no YouTube Considerando que a Uber ainda está fazendo o rollout da funcionalidade, denominada Uber Transit, e que nem todos os clientes possuem acesso ao planejador que combina rotas do transporte público com os serviços da empresa, decidimos fazer algumas considerações.

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CPTM espreme seus últimos limões ao estender Linha 7 até a Estação Brás

Introdução A mudança na estratégia de operação das linhas 10-Turquesa (Brás-Rio Grande da Serra) e 7-Rubi (que passou a ser Brás-Francisco Morato-Jundiaí durante os dias úteis) foi efetivada pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) em 30 de outubro de 2019. Desde o primeiro da operação em novo formato, temos observado o comportamento das duas linhas, tanto na plataforma, como dentro dos trens, afinal, o COMMU não é um site de notícias, mas sim um coletivo de pessoas que deseja um transporte metropolitano melhor, até porque vivemos aqui e dependemos do transporte coletivo.

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Governo prometeu “metrô de superfície” na Linha 10, mas ainda não divulgou planos

Contextualização Graças às respostas macarrônicas da Companhia do Metropolitano de São Paulo (METRÔ, usualmente Metrô) no Twitter, descobrimos que, a despeito do silêncio do Executivo paulista, liderado por João Doria (governador pelo PSDB) e Alexandre Baldy (secretário dos transportes metropolitanos, DEM), a Linha 10-Turquesa (Brás-Rio Grande da Serra) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) continua sendo utilizada como “moeda de troca” para minorar as críticas ao governo, que cedeu e abandonou o projeto de uma linha de metrô leve (Linha 18-Bronze) em favor de um BRT ainda nebuloso.

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#Entrelinhas: uma controversa campanha de marketing sobre trilhos

Introdução A Companhia do Metropolitano de São Paulo (METRÔ, usualmente Metrô), responsável por operação de parte da malha metroferroviária da região metropolitana, lançou recentemente a campanha “#Entrelinhas: Histórias em Movimento” e, assim como aconteceu no caso da campanha “Gente que move São Paulo” da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o tiro parece ter saído pela culatra. Antes de discutirmos os aspectos problemáticos da campanha, precisamos deixar algumas coisas muito claras na próxima seção, pensando sobre a figura da estatal.

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Cidades sem rumo

Ainda que nem sempre possamos externar no Facebook nossa insatisfação, desempenhamos um esforço tentando acompanhar os mandatos de todo o legislativo dos municípios atendidos pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), ou seja, pelas câmaras municipais da capital e mais vinte e duas outras cidades distribuídas na Região Metropolitana de São Paulo e na Aglomeração Urbana de Jundiaí, além disso, tentamos acompanhar também as atividades da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, ligada à esfera estadual de governo.

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Gestão frouxa da EMTU transmite abandono e descaso

Introdução Contatar a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) pelos canais oficiais é garantia de respostas genéricas, enviadas na forma de e-mails sem assunto, que não raramente chegam em horários nada comerciais, incluindo domingos. O relacionamento entre a estatal e os passageiros, que dependem dos serviços de permissionários e concessionários, não demonstra ser capaz de entregar soluções e melhorias. Marasmo É lamentável observar que a empresa não possui nenhuma prioridade orçamentária, pois claramente não vai entregar nenhum dos corredores projetados nas gestões passadas.

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É um equívoco supervalorizar a noção de “mobilidade como serviço”

Foi surpreendente observar que até o ex-Secretário dos Transportes Metropolitanos Jurandir Fernandes embarcou na ideia de que o futuro é a MaaS (Mobility as a Service, livremente traduzida como Mobilidade como Serviço), como revelou artigo recentemente publicado, no entanto, mesmo numa leitura rápida, fica evidente que serviços sob demanda não substituem os serviços convencionais, muito menos ganham caráter estruturador, ou seja, serviços como Uber e similares não serão capazes de moldar o território como ferrovias e corredores do tipo BRT (Bus Rapid Transit, termo que pode ser livremente traduzido como Transporte Rápido por Ônibus).

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Planos para modernização da estação da Barra Funda impressionam

Série especial Entre os dias 03/09/2019 e 06/09/2019 a AEAMESP (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô) realizou sua vigésima quinta edição da Semana de Tecnologia Metroferroviária. O COMMU esteve presente a convite e compartilha impressões do evento por meio de uma série especial. Clique aqui para conferir todos os artigos da série já publicados até o momento. Documentos estão disponíveis desde o final de agosto Apesar do pouco alarde na mídia (incluindo a mídia especializada, que em algumas situações parece oscilar entre se portar como mera assessoria de comunicação e disseminar sensacionalismos e reducionismos dispensáveis), a concessão da Estação Palmeiras·Barra Funda está em sua fase de consulta pública, sustentada por cinco documentos disponíveis no site da Companhia do Metropolitano de São Paulo desde 21/08/2019.

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Câmara de São Paulo aprovou mais formas de prejudicar quem usa ônibus

Fazendo coro à nota pública denunciando a postura covarde da Câmara Municipal de São Paulo, gostaríamos de repudiar veementemente não só substitutivo do Executivo ao PL (Projeto de Lei) 513/2019, mas também a postura negligente, preguiçosa, inconsequente e absolutamente retrógrada do Legislativo, que permitiu a aprovação de mecanismos que atacam o já combalido transporte público paulistano. É inaceitável, por exemplo, que a única força progressista a ter se manifestado contra tenha sido José Police Neto (PSD), que se absteve.

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Discussão sobre clandestinidade do UBus subestima a complexidade do território e da política

A prefeitura de São Paulo, ao interferir na operação dos ônibus executivos recém-lançados pela Metra, contribuiu para alimentar uma série de discursos supostamente favoráveis à inovação tecnológica, empreendedorismo e uma melhor mobilidade. Balela. Como falar de inovação num contexto de monopólios naturais, corporativismo faccional e captura do estado? Para tornar tudo pior, a comparação com a Uber em meio ao buzz que se formou, com sites de tecnologia publicando a respeito (vide aqui, aqui, aqui e aqui), foi uma espécie de tiro no pé da prefeitura da capital paulista, que mais uma vez assumiu o papel de vilão estatal.

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