Por Caio César | 29/10/2014 | 3 min.
Introdução
Recentemente a revista sãopaulo (um complemento do jornal Folha de S.Paulo) abordou os serviços disponíveis ao longo das marginais Pinheiros e Tietê, destacando alguns números a respeito dos 180 serviços que encontraram (talvez nem todos impressionantes, mas não vem ao caso).
Surpreendentemente, em nenhum momento a Linha 9–Esmeralda da CPTM foi citada na matéria.
Como podemos ver no diagrama acima, a Linha 9 conta com 18 estações e, segundo dados oficiais, transportou mais de 550 mil passageiros por dia em 2012. Analisando, sabemos que das 18 estações, 13 estão localizadas na Marginal Pinheiros, ao longo da Avenida das Nações Unidas.
Cabe um parênteses antes de prosseguirmos: obviamente a Linha 9 não figura exatamente como um “serviço” (ao menos no contexto da matéria), na realidade, ela é muito mais do que isso dentro da oportunidade desperdiçada: trata-se de um meio de acessar parte dos serviços, reduzindo a supremacia do automóvel e colocando alguma luz na infraestrutura de transporte da região.
Exemplos
Vamos a dois exemplos de categorias de serviços citadas pela matéria que possuem estabelecimentos que podem ser acessados pela Linha 9 da CPTM:
Parques (mencionados 4, acessíveis 2): Parque do Povo (Estação Cidade Jardim), Parque Villa-Lobos (Estação Villa Lobos-Jaguaré).
Shoppings (mencionados 10, acessíveis 6): SP Market (Estação Jurubatuba), Market Place (Estação Morumbi), Nações Unidas (Estação Berrini), D&D (Estação Berrini), Eldorado (Estação Hebraica-Rebouças), Villa-Lobos (Estação Cidade Universitária ou Estação Villa Lobos-Jaguaré, de todos os citados talvez o único realmente desconfortável de acessar). Aqui vale dizer que a matéria também citou o Center Norte, sem qualquer menção à Linha 1-Azul do Metrô.
Conclusão
A matéria da sãopaulo (na realidade, um conjunto de pequenas matérias interligadas), que estamos criticando no momento, apenas reforça a visão rodoviarista de São Paulo, nesta, mesmo quando o transporte público (e nem estamos falando apenas de ônibus, mas de transporte sobre trilhos, algo cobiçado, em vista da exígua malha existente) está disponível, este costuma ser silenciosamente ignorado.
Vale notar que a matéria aponta algumas curiosidades interessantes no rodapé, mencionando uma proposta submetida ao Arco Tietê, duas intervenções artísticas e até Saturnino de Brito, mas mesmo aquele espaço parece ter sido insuficiente para apontar a Linha 9 da CPTM.
O rodoviarismo foi tanto, que quando a Folha mencionou os shoppings existentes ao longo das marginais Pinheiros e Tietê, fez questão de exaltar as quase 30 mil vagas de estacionamento. Para quem está acostumado com o transporte sobre trilhos, 30 mil vagas não é um número impressionante, na realidade, em cerca de uma hora, aproximadamente, a Linha 9 já transportou com folga 30 mil pessoas num dia útil; um trem sozinho pode transportar mais de 2 mil pessoas.
O conformismo precisa terminar, não somos invisíveis. Talvez nem seja de se estranhar a incapacidade da imprensa em abordar os problemas tão presentes no transporte coletivo, afinal, não consegue lembrar dele nem quando fala de amenidades…
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