Qual transporte público você quer?

Por Caio César | 31/01/2015 | 5 min.

Legenda: Terminal urbano da Estação Carrão da Linha 3-Vermelha do Metrô
Quantas vezes você já se perguntou qual tipo de transporte público gostaria de utilizar? Que tal pensar um pouco a respeito?

Quantas vezes você já se perguntou qual tipo de transporte público gostaria de utilizar? Talvez nos momentos de fúria, quando as coisas não saem como esperado? Talvez durante as férias, quando a rotina é quebrada e a relação com a cidade muda?

Trata-se de um questionamento importante:

Qual é o metrô que você quer? Ou então os ônibus, como eles devem ser?

Não é uma questão de falar em utopia, como em “eu quero um metrô a cada 30 segundos, silencioso, sempre com bastante espaço para ir sentado e passando na porta da minha casa”, mas talvez seja uma questão de pensar algo mais razoável, pelo qual todos podemos lutar, digamos “eu quero um sistema sem superlotação, com intervalo entre 3 e 5 minutos, no qual boa parte da metrópole seja atendida, mas eu também encontre uma estação nos principais pontos das cidades, talvez uma estação a cada no máximo uns 600, 800 metros nas principais centralidades”.

Construir uma mobilidade melhor envolve pensar no que queremos. É uma espécie de exercício, que precisa ser feito com alguma regularidade, talvez no dia-a-dia, quando a rotina tende a neutralizar os detalhes e parte da dinâmica da cidade, ou seja, envolve observar mais, talvez sonhar mais.

Outra coisa interessante é buscar referências, ideias, fontes. Podemos partir nos perguntando:

  • Como será que é a mobilidade em outras cidades?
  • Existem outros tipos de sistemas de transporte que eu não conheço?
  • Como cidades em países classificados como desenvolvidos tem tratado a mobilidade nos últimos anos?
  • Será que as redes de transporte continuam sendo expandidas e melhoradas em cidades ainda mais antigas?
  • É possível viver sem carro?
  • Compensa deixar o carro numa estação e depois tomar um trem? Será que poderia ser viável nas periferias da metrópole paulistana? Qual o nome é dado internacionalmente?

Temos tentado ajudar a responder as perguntas e também ajudar no surgimento de mais dúvidas e questionamentos. É a dúvida que gera o desconforto e, apenas com o desconforto, inicia-se um movimento para romper com a situação atual, na qual a mobilidade urbana ainda não é levada a sério como um pilar da nossa qualidade de vida e do desenvolvimento das nossas cidades.

Falamos de alguns exemplos envolvendo cidades como Zurique, Nova Iorque e Paris aqui:

Introdução De protagonismo alterado décadas atrás, uma das regiões mais icônicas devido à rica arquitetura e história, continua sofrendo com o estigma da degradação, sujeira e mendicância. Algumas ações interessantes têm sido empregadas pela municipalidade, sendo que alguns elogios de atores internacionais em certos campos já se evidenciam, bem como fica inegável que Nova Iorque parece ter sido fonte de inspiração para pelo menos algumas delas. O desafio aqui foi dar um enfoque abrangente, mas ainda assim conciso em relação à região central, alguns projetos e possibilidades.

Pensamos de maneira localizada, olhando para algumas regiões também, como foi o caso abaixo:

Introdução Para começar, vou me restringir a São Paulo, praticamente único alvo da discussão (Brasília e Rio de Janeiro são exemplos de duas cidades que foram citadas pelos presentes, mas São Paulo dominou a discussão, o que já era esperado). Como muitos sabem, o chamado Centro Velho ainda enfrenta nos dias atuais problemas de degradação, falta de políticas para habitação (incluindo a regularização de ocupações, a requalificação de imóveis sem utilização para abrigar moradia social, a instalação de equipamentos públicos que permitam um uso misto mais confortável para quem trabalha e mora na região etc) e apesar disso, é contemplado com uma infraestrutura de transporte coletivo no mínimo interessante, ademais, pretendo expandir um pouco a zona de abrangência, acreditando em oportunidades desperdiçadas em outros pontos da cidade, notadamente na Zona Leste, em bairros com antiga vocação industrial, como Moóca e Ipiranga.

Ainda sobre pensar de maneira localizada, esboçamos, ainda que de forma bem limitada, uma ideia aqui:

Introdução Quero explorar aqui o exercício de pensar num VLT para a região, devido à saturação que enxergo há alguns anos nos ônibus que fazem a alimentação e complementação do Metrô e CPTM na Estação Tatuapé, atuando para dar capilaridade ao sistema existente. Observação: para quem quiser um material para saber mais sobre os VLTs, também chamados de bondes modernos, streetcars e tramways, segue um vídeo: Legenda: Edição do Matéria de Capa da TV Cultura que contém exemplos ligados à utilização de VLTs ao redor do mundo Para pensar no traçado da linha (ou das linhas) existem algumas dificuldades para analisar os pontos de interesse com maior atração de demanda dentro do distrito, mesmo que o VLT busque suplantar, ainda que parcialmente, uma ou mais linhas de ônibus que já circulam como alimentadoras, os dados da SPTrans não ajudam muito.

Em outro caso, exploramos a situação por ficarmos incomodados com a postura da imprensa:

O jornal Estadão tem exibido uma série sobre os bairros da capital paulista, recentemente chegou a hora do famoso Itaim Bibi ser abordado. Legenda: Rua das Olimpíadas Imediatamente fizemos algumas observações no Facebook ao ler uma matéria voltada ao Itaim Bibi. Para facilitar a vida do leitor, transcrevemos abaixo as observações feitas na forma de comentário na rede social: Sentimos falta de uma exploração melhor em relação à CPTM. Na matéria destacada, por exemplo, apenas o Metrô é lembrado como “fortalecedor”, com uma menção vaga aos ônibus, mas não é bem assim… vale dizer que, enquanto a região era requalificada, os trens da Fepasa, da então Linha Sul (atual Linha 9-Esmeralda) nem paravam na região, cerca de 20 anos foram necessários até que os investimentos fossem retomados (as estações citadas, Cidade Jardim e Vila Olímpia, são do comecinho do novo milênio), num programa chamado pela CPTM de Dinamização da Linha Sul.

E aí, no que você pensou?




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