O acesso é super fácil!

Por Caio César | 13/02/2015 | 2 min.

Legenda: Avenida 23 de Maio
Quando facilidade de estacionar parece se confundir com facilidade de acesso


Costumo dizer que só na capital paulista tenho a sensação de que no lugar de uma cidade, existem várias cidades. E hoje gostaria de abordar algumas colocações com as quais não raramente me deparo, que me fazem pensar na “São Paulo do carro”.

Vamos aos exemplos:

  1. O acesso é superfácil! Não foi difícil estacionar o carro nas redondezas.
  2. Chegamos e deixamos o carro em frente ao local, sem grandes dificuldades.
  3. O local conta com manobrista, basta entregar as chaves e curtir a noite.

Daí fica a pergunta: facilidade se traduz sempre em facilidade de estacionar? Ou facilidade de acesso, aquela em que, digamos, você lista e avalia as formas de chegar num determinado local, não somente de automóvel, mas principalmente de ônibus e sistemas de transporte rápido (metrô, por exemplo)?

O usuário de transporte coletivo experiente, é também destemido, quando ele se depara com uma facilidade voltada a outro público (aquela minoria que ocupa boa parte das ruas da cidade, prejudicando uma maioria) precisa então ignorar as indicações dadas. Com sua “caixa de ferramentas”, composta por itens como o Google Maps, sites oficiais (SPTrans, por exemplo), Cruzalinhas e Tô a Pé, ele decide verificar se consegue chegar sem precisar de um carro ou moto. Eis aí que as experiências podem variar em diferentes graus do absurdo, relacionados às tais “facilidades” mencionadas, geralmente denunciando a falta de acessibilidade verdadeira para quem não dirige

É comum ver que se menciona apenas a facilidade de estacionar quando o estabelecimento está localizado próximo de uma estação do Metrô ou da CPTM, ignorando-a completamente, não importando quão curta a caminhada seja; ou então locais fáceis de estacionar ou chegar de carro, mas que podem exigir malabarismos para chegar de ônibus (como alguns que ficam às margens de rodovias urbanas), ficando tal “detalhe” em segundo plano.

Não é nada raro. Numa oportunidade anterior abordamos um especial da sãopaulo, uma revista do jornal Folha de S.Paulo, que ignorou totalmente o transporte público ao falar das marginais Tietê e Pinheiros, esta última contando com uma linha do sistema metroferroviário, o que motivou a escrita de um artigo.

Experimente olhar guias de restaurantes e de cidades. Veja como os locais são descritos: dificilmente o transporte coletivo é levado em conta de alguma maneira, quando muito são lembradas as estações do Metrô.

A cultura do carro tem muitas faces, assim como São Paulo também tem.




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