Por Caio César | 06/03/2015 | 4 min.
Índice
Introdução
A CPTM opera uma malha com cerca de 260 km de extensão, cuja metade dos trilhos estão dentro da capital. Com 92 estações e cerca de 3 milhões de usuários se movimentando em média a cada dia útil pelos trens, é natural imaginar que algumas viagens são longas e que os banheiros são cruciais para garantir o mínimo de conforto (e até mesmo dignidade) para a parcela da população que depende do trem para se deslocar.
Recentemente tivemos alguns questionamentos ligados à Estação Poá, situada no Alto Tietê, sub-região Leste, Linha 11-Coral:
@CPTM_oficial Outro questionamento: Na Est Poá tem um aviso dizendo q o banheiro está sem água. Se está s água, os funcionários podem usar?
— Linha 11 Coral (@Linha11Coral) March 5, 2015
@CPTM_oficial Em Poá, não é de hoje que percebo que alguns possuem permissão p usar o banheiro e outros não. Em contato com a #SABESP (...)
— Linha 11 Coral (@Linha11Coral) March 5, 2015
@CPTM_oficial Não existe falta de abastecimento na região central de Poá. O que poderiam me dizer sobre esse questionamento? [AN]
— Linha 11 Coral (@Linha11Coral) March 5, 2015
@Linha11CoralGD Conforme divulgado no link http://t.co/u6hy1EjMTI há racionamento de água na referida (cont) http://t.co/5WqNCEWNqE
— CPTM (@CPTM_oficial) March 5, 2015
Outra reclamação foi feita numa matéria do Blog Mural da Folha de S.Paulo em fevereiro, da qual extraímos o seguinte fragmento:
Questionada sobre o problema, a CPTM não respondeu quais estações e linhas são afetadas e nem os horários de interdição, e se limitou a afirmar que “eventuais restrições em equipamentos são informadas aos usuários”. Também destacou a adoção de “medidas para incentivar o uso racional da água”, como a instalação de dispositivos nas torneiras das pias que permitem a redução do consumo.
Os comentários na página reforçam uma certa indignação dos opinantes e aqui é oportuno dizer: nossa parcela de culpa é inegável, tanto na luta por um melhor transporte coletivo, como também pela busca por cidades resilientes e sustentáveis, que façam boa utilização dos recursos naturais e tenham infraestrutura e planejamento para enfrentar crises.
Indo além do Twitter e da imprensa
Apuramos que as estações são dotadas de sistemas de captação de água. Algumas são construídas adequadamente para captar água da chuva e armazenar em torres, por exemplo, as estações USP Leste (Linha 12-Safira), Tamanduateí (Linha 10-Turquesa) e Estudantes (Linha 11-Coral).
É preciso mencionar que nem todas possuem sistema de tratamento, o que se deve ao ano de construção e inauguração, é também válido afirmar que não são as todas as estações possuem e/ou são adequadas para economizar água. Algumas estações também não possuem banheiros.
Fomos informados de que a pouca água que ainda existe e que chega às estações, é destinada ao uso pessoal de banheiros e refeitórios de empregados, bem como em ações de conservação das instalações em geral. Pela própria dificuldade provocada pela crise, algumas cidades enfrentam situações mais graves na distribuição de água, o que impacta vários bairros, incluindo o bairro que abriga a estação, por exemplo, o bairro Cidade Ariston de Carapicuíba foi notícia em veículos como o Estadão, localizado ao sul das estações Antônio João e Santa Terezinha da Linha 8-Diamante da CPTM, a falta de água já chegou a durar sete dias.
Existem estações, como USP Leste (vide fotos acima) que incorporam boas práticas de sustentabilidade. Em dezembro de 2010, o Estadão publicava notícia intitulada “USP Leste deve ser primeira estação sustentável do mundo”.
Vilã bem conhecida: a falta de comunicação
Um grande problema é que a CPTM insiste no fornecimento de respostas rasas, que são fornecidas apenas à minoria que busca esclarecimentos. A grande maioria dos usuários vai se indignar ao ler o cartaz, sem necessariamente utilizar o Twitter ou mesmo o Serviço de Atendimento ao Usuário.
Nos trens, não existe ainda uma programação de mensagens audiovisuais (nos trens que possuem equipamento de vídeo) que busque esclarecer sobre o problema. Campanhas na televisão então, nem se fala… a CPTM recebe bilhões de reais para realizar obras importantíssimas e não leva às massas, de forma que uma questão menor, definitivamente vai continuar na obscuridade. Mesmo campanhas em cartazes e na Internet são escassas e nenhuma nota de esclarecimento foi publicada no site até o momento.
Conclusão
Enquanto a comunicação da CPTM atuar com uma política da “mínima exposição”, a empresa será sempre tratada como omissa e incompetente, pois o usuário não será capaz de entender quais ações estão sendo feitas para solucionar o problema e muito menos terá subsídios ao longo do tempo, para que possa, por conta própria, refletir a respeito e tirar suas conclusões com uma quantidade razoável de informações.
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