Por Ana Carolina Nunes | 22/05/2015 | 2 min.
Hoje o programa global SPTV 1ª edição exibiu uma matéria sobre a queda na lentidão do trânsito anunciada pela CET. Segundo os dados da Companhia, no último ano houve 10% menos lentidão ao longo do dia. A explicação dada é que a criação de faixas de ônibus e ciclovias ajudou a desestimular o uso do automóvel e, com isso, diminuíram os congestionamentos. No caso dos ônibus, a melhora é bastante clara — chega a incríveis 317,3% no trecho da ponte do Jaguaré, por exemplo.
O que parecia uma boa notícia ganhou uma versão diferente nos comentários do âncora Cesar Tralli e do “técnico em transportes” Sergio Ejzenberg, dos quais nunca se ouve elogios a quaisquer políticas que retirem espaço dos automóveis. Enquanto Tralli questionou o dado divulgado pela CET, Ejzenberg preferiu atribuir a diminuição do uso do automóvel à diminuição da atividade econômica.
É claro que o aumento do preço da gasolina (esperado há alguns anos pelo setor sucroalcooleiro, que entrou em crise por causa da política de subsídios do governo federal) influenciou a decisão de muitos motoristas a deixar o carro em casa. Mas, vamos fazer um exercício: das pessoas que você conhece que trocaram o carro pelo transporte público (ou bicicleta) nos últimos dois anos, quantos o fizeram porque perceberam que estavam gastando mais tempo e dinheiro com o carro e quantos o fizeram porque perderam o emprego?
Evidentemente, não se pode explicar causas e efeitos na mobilidade urbana por um único fator. Por outro lado, é importante ficar de olho nos discursos que estão nos vendendo, que parecem apontar para a única solução de abrir mais vias — o que já sabemos que não funciona — ou nos convencer de que o transporte público nunca vai melhorar. No frigir dos ovos, a verdade é que esses veículos de imprensa fingem se importar com o cidadão que se espreme no transporte público, quando a maior parte do tempo se dedica a defender os “direitos dos motoristas”. Não caia nessa!
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