Por Caio César | 04/12/2015 | 10 min.
Índice
Como foi feito?
Para o teste, a plataforma móvel adotada foi o Android 4.4, sendo os seguintes aplicativos avaliados ao longo de outubro e metade de novembro de 2015:
- Cadê o Ônibus?;
- CittaMobi;
- Moovit;
- Trafi.
Importante: como podemos ver acima, a lista está em ordem alfabética, não indicando, portanto, uma preferência de todos os membros do Coletivo por qualquer aplicativo.
De uma forma ou de outra, os seguintes aspectos entraram na avaliação:
- Cobertura;
- Interface com o usuário;
- Recursos de interação social;
- Rotas sugeridas;
- Facilidades adicionais.
Não pretendo aqui criar todo um arcabouço metodológico para avaliar os aplicativos, mas sim contar um pouco da minha experiência dentro de alguns poucos parâmetros.
Comparativo
Quando decido usar algum aplicativo voltado a facilitar a vida de quem usa transporte coletivo, torço para estar diante de uma solução completa para quem está na rua, ou seja, mais do que uma mera interface para os serviços já oferecidos pelo Google Maps.
O clássico aprendeu novos truques: Cadê o Ônibus?
No Google Play, o aplicativo é exibido com número de instalações entre 500 mil e 1 milhão. Bastante expressivo para um aplicativo nacional, não? Algo assim fortalece o seguinte sentimento: para mim e, acredito, muitos moradores da capital paulista, o Cadê o Ônibus é um velho conhecido.
Recentemente, ele passou a contar com uma função para trajetos, que infelizmente não se saiu tão bem, parecendo apenas uma “casca” (frontend) que consulta os servidores do Google, sem fazer qualquer tratamento adicional nas informações. Como a função ainda é considerada beta, espero que melhore nas próximas atualizações. Outro aspecto que precisa melhorar, indo além do algorítimo que busca e fornece os resultados, é a interface que aparece depois de tocar o botão “Como chegar?”, suas cores, ícones e animações parecem deslocadas e com certeza precisam de maior esmero para alcançar concorrentes como Trafi e Moovit.
A publicidade exibida pelo Cadê o Ônibus?, apesar de constante, não é das mais intrusivas, mas alguns anunciantes podem tentar distrair você com efeitos piscantes e outras coisas irritantes.
Diferente de outros aplicativos mais novos, o objetivo principal do Cadê o Ônibus? nunca foi calcular quanto tempo falta até o ônibus chegar no ponto, ao invés disso, ele exibe todo o traçado da linha e os veículos que estão rodando, o passageiro então passa a ter uma ideia da distância entre seu ponto no mapa (marcado tão logo o GPS do aparelho trave a posição) e os ônibus mais próximos.
É possível favoritar as linhas e agrupá-las, consultar itinerários e horários (sem atualização em tempo real) e também comparar diferentes linhas, visualizando os traçados no mapa. Outras funções gerais do aplicativo incluem um monitor de trânsito, alerta de anormalidades e painel com a situação das linhas do Metrô e da CPTM.
Definitivamente não é o mais intuitivo dos programas, mas para quem utiliza os ônibus da SPTrans intensamente, tendo algum domínio do sistema, o Cadê o Ônibus? continua sendo uma boa ferramenta para ter no smartphone, sua função de comparação de linhas, por exemplo, é praticamente única. No teste, foi o único programa capaz de exibir qual o tipo de ônibus está chegando (articulado, biarticulado, micro-ônibus etc).
Informações extraídas do Google Play:
- Tamanho: 7,4M;
- Instalações: 500.000–1.000.000;
- Versão atual: 3.9.9;
- Requer Android: 3.0 ou superior;
- Classificação do conteúdo: Classificação Livre;
- Oferecido por: Nano IT.
Forte na cobertura, fraco nos recursos: CittaMobi
O CittaMobi opera nas seguintes cidades: Barueri, Diadema, Santo André e São Caetano do Sul. O aplicativo também exibe os ônibus da capital paulista. A maior cobertura de serviços municipais, que inicialmente pode se revelar um trunfo, é limitada pelas funcionalidades do aplicativo.
Basicamente a desenvolvedora vende soluções de gestão de frotas, as quais, por sua vez, permitem que ônibus sejam acompanhados pelo CittaMobi, que apesar de estar ligado a um produto comercial, ainda assim exibe propagandas, inclusive prejudicando a navegação pelo mapa.
Não é possível traçar rotas, o que torna hostil o transporte das cidades cobertas para quem não tem domínio prévio do sistema (algo que, dependendo das dimensões da cidade e do funcionamento do sistema, mesmo passageiros assíduos podem não ter).
A última atualização ampliou a função de favoritos, permitindo que o passageiro cadastre locais como o trabalho e a residência. Nas capturas de tela, podemos ver a guia “Cards” no topo, é justamente para isso que ela serve.
No geral, posso dizer que o CittaMobi se compararia ao Cadê o Ônibus? antes da nova função de planejamento de rotas. Ele tem alguns recursos que permitem reportar problemas, mas não tive uma oportunidade para experimentá-los.
Informações extraídas do Google Play:
- Tamanho: 8,9M;
- Instalações: 1.000.000–5.000.000;
- Versão atual: 4.0.12;
- Requer Android: 2.3 ou superior;
- Classificação do conteúdo: Classificação Livre;
- Oferecido por: Cittati.
O cidadão social: Moovit
Tendo recebido uma nova interface em abril de 2015, o Moovit já está na estrada há alguns anos. Mais colorida, a nova interface vai além da cor laranja que até hoje caracteriza o ícone do programa, porém, ela acaba escondendo alguns recursos, embora tenha me deixado bem confortável na maior parte do tempo.
Quando usado na Grande São Paulo, o Moovit não fica amarrado apenas ao quarteto SPTrans-EMTU-Metrô-CPTM, o que é um destaque e tanto, contudo, para funcionar corretamente, a cidade precisa adotar o GTFS e submeter informações ao Google, uma medida que não é tão simples assim, como já abordamos no passado.
Testando trajetos em outras cidades da Região Metropolitana de São Paulo, como Mogi da Cruzes e Guarulhos, as linhas foram identificadas perfeitamente, além disso, fora do GTFS, verificamos que o Moovit suporta as linhas de São Bernardo do Campo.
Apesar de ter gostado muito do Moovit, achei que o algorítimo para rotas precisa de alguns ajustes. Simulei alguns trajetos e, em comparação com o Trafi, recebi menos resultados, alguns bem ruins. Outra coisa que me irritou um pouco, foi a insistência em oferecer um táxi, o que acaba sendo compensado pelo fato de não existirem propagandas chatas, como é o caso dos outros dois aplicativos abordados no início, Cadê o Ônibus? e CittaMobi.
O Moovit é versátil e relativamente integrado à Grande São Paulo, seus desenvolvedores precisam apenas melhorar o algorítimo para rotas e ajustar alguns detalhes nas linhas da CPTM, pois nem sempre o nome é exibido (aconteceu com a Linha 7-Rubi em várias situações).
Informações extraídas do Google Play:
- Tamanho: Varia de acordo com o dispositivo;
- Instalações: 10.000.000–50.000.000;
- Versão atual: Varia de acordo com o dispositivo;
- Requer Android: Varia de acordo com o dispositivo;
- Classificação do conteúdo: Classificação Livre;
- Oferecido por: Moovit.
Abrindo mão da nuvem: Trafi
O Trafi chegou recentemente no Brasil, suportando oficialmente apenas Rio de Janeiro e São Paulo. Como nosso foco é a mobilidade em São Paulo, eu não pude deixar de observar que o aplicativo não suporta cidades fora da capital para trajetos no seu planejador de rotas, também observei que as tarifas são calculadas ignorando qualquer tipo de integração (questionei o desenvolvedor, mas fui informado de que o funcionamento está correto), fora isso, o conjunto oferecido é bem sólido e arrisco dizer que o Moovit finalmente ganhou um rival de peso.
A interface do programa é predominantemente vermelha, mas as cores mudam para indicar certos tipos de serviços de transporte. O bacana é que ela é bastante limpa e no geral, funciona muito bem, sem colocar obstáculos desnecessários. Um charme adicional da interface é a capacidade de representar a movimentação dos ônibus no mapa.
Como comentado na avaliação do Moovit, o que me impressionou no Trafi foi o algorítimo para as rotas. Outro membro do Coletivo fez um teste e também gostou das sugestões, inclusive comparando com o Cadê o Ônibus?, que propôs uma viagem combinando desnecessariamente uma linha da EMTU.
Além do algorítimo mais eficiente para traçar rotas, outros pontos se destacaram: (i) sua função de favoritos permite organizar a ordem das linhas, algo que o Moovit não deixa fazer; (ii) há uma funcionalidade para consultar estações de compartilhamento de bicicletas; (iii) é possível consultar os horários das linhas sem estar conectado à Internet, bastando baixar os horários previamente, ou seja, você pode baixar/atualizar os horários quando estiver em casa e depois consultar os horários na rua sem gastar sua franquia de dados.
É uma pena que o programa ainda não suporte outras cidades da Região Metropolitana de São Paulo, como Guarulhos e Mogi das Cruzes, que disponibilizam os dados via GTFS, com o algorítimo existente, com certeza não haveria dificuldades para sugerir boas rotas.
Informações extraídas do Google Play:
- Instalações: 500.000–1.000.000;
- Requer Android: 4.0 ou superior;
- Classificação do conteúdo: Classificação Livre;
- Oferecido por: TRAFI.
Conclusão
Nenhum dos aplicativos que eu mostrei é perfeito, contudo, todos eles reduzem a distância entre o passageiro e o sistema de transporte coletivo, assim, posso afirmar que ter alguns deles instalado no smartphone pode reduzir a ansiedade e facilitar a obtenção de informações que, de outra forma, precisariam exigir um computador ou um funcionário.
Não pretendo aqui dar um veredito sobre qual é o melhor, como disse no início, o Coletivo não está endossando nenhum aplicativo, minha intenção foi mostrar que hoje existem opções que facilitam a vida de quem usa o transporte, seja exibindo os horários dos ônibus, seja calculando rotas e alertando sobre falhas.
Acredito que o transporte coletivo também tem espaço para ser modernizado por meio da tecnologia, não somente, vou além: aplicativos como o Moovit e o Trafi elevam a experiência de uso do transporte coletivo, pois a enriquecem com informações e recursos que dão ao passageiro um maior poder para a tomada de decisões, em alguns casos de forma bem divertida.
Se você ainda não acompanha o COMMU, curta agora mesmo nossa página no Facebook e siga nossa conta no Instagram. Veja também como ajudar o Coletivo voluntariamente.
comments powered by Disqus