15 ações para melhorar a CPTM na Zona Leste

Por Caio César | 15/10/2016 | 6 min.

Legenda: Mezanino da Estação Suzano
Dentro dos trens é comum ouvir que “não tem jeito” ou que “é complicado mesmo”. Nada disso! É mais fácil do que parece e o primeiro passo é pensar em como resolver

Índice


Para desatar o nó e o pessimismo que congela qualquer tipo de mobilização, decidimos propor 15 ações para tentar solucionar os problemas de mobilidade que afetam sobretudo os passageiros do Alto Tietê e parte da Zona Leste. Considerando que as linhas já existem e estão predominantemente em superfície, o custo é consideravelmente menor em comparação sistemas novos e em subterrâneo, por exemplo, no caso da expansão da Linha 5-Lilás (atualmente Capão Redondo-Adolfo Pinheiro), o investimento chega a R$ 4,5 bilhões.

Legenda: Diagrama com as linhas 3, 11 e 12 (de baixo para cima, da esquerda para a direita)

Ações

As ações que você vai conferir abaixo afetam diretamente os passageiros das linhas 8-Diamante (Júlio Prestes-Itapevi-Amador Bueno), 11-Coral (Luz-Guaianazes-Estudantes) e 12-Safira (Brás-Calmon Viana), sendo indiretamente benéfica aos passageiros das linhas 3-Vermelha (Itaquera-Barra Funda), 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí) e 10-Turquesa (Brás-Rio Grande da Serra), pelo menos.

Panorâmica a partir da Estação Estudantes, olhando sentido Estação Mogi das Cruzes

  1. Seriam concluídas as obras de infraestrutura para redução de intervalo, ou seja, os novos sistemas de sinalização e a melhoria no sistema de energia;
  2. Seriam construídos o máximo possível de vias adicionais para viabilizar expressos, injeções de trens e outras estratégias. É difícil crer que a a Linha 11 teria espaço para um serviço verdadeiramente expresso, mas provavelmente ganharia a capacidade de injetar trens vazios, estratégia adotada rotineiramente pela Companhia do Metropolitano de São Paulo;
  3. Seria feita uma operação urbana consorciada (OUC) visando adensar a orla ferroviária em Suzano e, principalmente, em Mogi das Cruzes, com vistas à criação de um pólo com força de atração suficiente para aumentar o equilíbrio da demanda; em Mogi das Cruzes todas as passagens de nível seriam fechadas, incluindo intervenções para melhorar a integração da ferrovia com o entorno;
  4. As estações Estudantes, Mogi das Cruzes, Braz Cubas, Jundiapeba, Itaquaquecetuba, Engenheiro Manoel Feio e Aracaré seriam completamente reconstruídas, enquanto as estações Guaianazes e Antônio Gianetti Neto teriam melhorias na acessibilidade;
  5. Novos terminais de ônibus seriam construídos nas estações Braz Cubas, Jundiapeba e Engenheiro Manoel Feio, contando com acessibilidade e integração física e tarifária com o Trem Metropolitano; nas estações Estudantes e Mogi das Cruzes, uma ligação direta entre estação e terminal seria feita, garantindo uma integração física confortável;
  6. Investimentos no Tatuapé (talvez com uma operação urbana consorciada) seriam estimulados, além disso, seria implantado um sistema de VLT com 2 linhas circulares;
  7. Implantar-se-ia uma linha de metropolitano adicional na Marginal Tietê, até Osasco, que faria parte da Linha 12, de forma que serviços do tipo Alto Tietê-São Paulo e Alto Tietê-Osasco poderiam ser oferecidos;
  8. O tramo paulistano da Linha 12 passaria a ter um trecho subterrâneo, composto pelas estações, Brás, São Joaquim, Júlio Prestes (integrada à Luz e com mais saídas para a região do Bom Retiro) e Barra Funda;
  9. O tramo paulistano da Linha 11 passaria a operar até a Lapa, com três estações novas (todas já são oficialmente previstas): Lapa unificada, Água Branca e Bom Retiro;
  10. A Linha 8 passaria a ter plataformas subterrâneas na Estação Júlio Prestes e a terminar na Estação Brás;
  11. Toda a frota de trens da Linha 11 seria substituída, passando a ter trens de 12 carros, com cinco pares de portas por carro, assentos longitudinais, mais barras de apoio e pega-mãos independentes; poderia haver um serviço seletivo em parte do trem (um ou dois carros, por exemplo);
  12. A Linha 12 receberia o excedente trens da Linha 11, fruto da aquisição de uma frota com padrão diferenciado, exceto para o ramal da Marginal, que por ser expresso por natureza, contaria com material rodante também diferenciado: trens de 10 carros de perfil baixo, 2 andares (o andar inferior abaixo do nível do piso da plataforma); poderia haver um serviço seletivo;
  13. A Linha 11 passaria a terminar em Suzano, como já está previsto há anos e ainda não ocorreu;
  14. A Linha 12 passaria a terminar em Estudantes e, se for necessário regular os intervalos, poderia oferecer trens prestando serviço até Suzano para efeitos de controle do intervalo médio e melhor atendimento à demanda;
  15. Os municípios de Poá e Ferraz de Vasconcelos receberiam obras para mitigação de enchentes, pois alagamentos comumente interrompem a operação da Linha 11.

Legenda: Panorâmica a partir da Estação Estudantes, olhando para o último km operacional Linha 11

Sumário dos principais impactos

Vale muito a pena sumarizar os principais impactos para dar uma noção dos efeitos práticos das ações propostas:

  • A terrível baldeação em Guaianazes deixaria de existir, contudo, aumentaria a flexibilidade operacional para injetar trens vazios;
  • A Estação Calmon Viana passaria a ter seu papel integrador reduzido em detrimento de Suzano, devido à melhor infraestrutura desta última.

Redução de transferências sofríveis e atualmente sem sentido. Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Calmon Viana, Suzano e Guaianazes

  • A Estação Luz deixaria de ser terminal da Linha 11 e a demanda no Centro Expandido passa a ser melhor distribuída, além disso, ficaria muito mais fácil ir até Cumbica saindo de Guarulhos;
  • A Estação Brás ganharia maior equilíbrio nas integrações com a chegada da Linha 8-Diamante, reduzindo a humilhação diária pela qual passam os passageiros da Linha 3-Vermelha.

Legenda: Reconstrução das duas estações da Lapa e melhor uso de Júlio Prestes, além de novas conexões na Barra Funda: todos ganham. Da esquerda para a direita: Estação Lapa da Linha 7, um dos acessos da Estação Palmeiras-Barra Funda e plataforma na Estação Júlio Prestes
  • Aumentaria a resiliência da malha de trilhos, com mais caminhos alternativos no caso de falhas, reduzindo o risco de quebra-quebras e atrasos aos passageiros;
  • Haveria aumento na capacidade/hora, disponibilização de serviço seletivo mais competitivo e barato do que a linha 201 da EMTU, forneceria-se, pela primeira vez nas últimas décadas, uma ligação leste-oeste verdadeiramente expressa;
  • A compra de trens especificamente voltados ao cenário de demanda intensiva (Linha 11) e a ligação leste-oeste expressa (novo tramo da Linha 12), que aumentaria a quantidade de trens disponíveis para uso em outras linhas, além de facilitar a aposentadoria da série 4400, originalmente fabricada nos anos 1960.

Legenda: A frota atual da Linha 11 é formada por várias séries, as fotos exibem três delas. Da esquerda para a direita: 7000, 4400 e 2000
  • Haveria maior equilíbrio da demanda com novos polos geradores de atração, o que poderia significar também aumento da arrecadação e maior equilíbrio financeiro para a CPTM.

Conclusão

Com ou sem economizar nas obras de expansão do Metrô, as ações que listamos acima precisam ser feitas. É preciso garantir que áreas periféricas e/ou suburbanas, mesmo aquelas que já estão enobrecidas e possuem potencial para reduzirem os deslocamentos dos habitantes da região, não fiquem em último plano. Se a modernização da CPTM continuar tendo sua importância subestimada, como teremos uma malha mais equilibrada e uma melhor qualidade de vida assim? Não teremos.




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