Por Caio César | 07/04/2019 | 5 min.
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Série especial
Em 06/04/2019 a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) realizou uma segunda edição do encontro com veículos de jornalismo especializado, blogues e influenciadores digitais. O COMMU esteve presente e compartilha os detalhes do encontro por meio de uma série especial. Clique aqui para conferir todos os artigos da série já publicados até o momento.
Novo elevador na Estação Luz não tem relação com o projeto do novo túnel
Em resposta a pergunta feita pelo Fernando Galfo do Ferroviando, o atual diretor-presidente da CPTM explicou que o novo túnel e o atual elevador são completamente separados, no entanto, salientou que o novo túnel é “estratégico, caro e necessário”. A saturação da Estação Luz tem sido criticada pelo COMMU desde 2015.
A relação entre os órgãos de proteção ao patrimônio histórico e a Companhia, explica Moro, impõe a necessidade de atingir soluções que respeitem o tombamento da centenária estação. Especificamente sobre os gargalos do atual túnel e a acessibilidade aquém do ideal, foi explicado aos presentes que (i) atualmente está vetada a possibilidade de reimplantar uma saída direta para a r. Mauá, como existia no passado (passageiros da Linha 10-Turquesa, quando esta operava na Luz, utilizavam frequentemente as escadas para sair diretamente no nível da rua, sem precisar passar pelo túnel), bem como que; (ii) o novo elevador ficará descoberto, porque não é possível implantar uma cobertura para ele.
Para o diretor-presidente, não só existem formas de unir preservação e atendimento ao fluxo de usuários, que precisa ser estudado em conjunto com os órgãos de preservação, de forma a dar uma utilização menos traumática para quem depende da estação, como em sua opinião pessoal, a plataforma central deveria ter escadas fixas e elevador, pois as escadas rolantes possuem metade da vazão em relação às fixas. A limitação de capacidade das escadas rolantes tem impedido uma ligeira redução nos intervalos do Expresso Leste da Linha 11-Coral (Luz-Guaianazes-Estudantes), que opera com 4 minutos de intervalo médio entre os trens nos horários de pico, quando já deveria operar com 3 minutos. Moro comenta ainda que, infelizmente, mesmo desligando as escadas rolantes, a vazão ainda não se compara às escadas fixas.
Pedro Moro lembrou aos presentes que a CPTM comprou um software (programa de computador) de simulação de fluxos com pedestres devido à realização da Copa do Mundo e que, ironicamente, na apresentação do software pelo fabricante, havia um caso na Inglaterra semelhante ao da Estação Luz, que chegava a provocar a retenção dos trens, que eram obrigados a esperar a diminuição da quantidade de pessoas na plataforma para seguir com o alinhamento e abertura de portas, a principal diferença é que as escadas eram pra subir, não descer, logo, a situação da Luz é um pouco mais favorável.
Túnel Luz-Júlio Prestes não é prioridade
Questionado por Renato Lobo do Via Trolebus sobre a ideia de interligar as estações Júlio Prestes e Luz e por Adamo Bazani do Diário do Transporte sobre ter ocorrido algum diálogo com o Consórcio Intermunicipal do ABC, Pedro Moro informou que o Consórcio não procurou a Companhia e que o projeto de interligar duas estações não vingou, reiterando a importância de solucionar a questão do eixo Luz-Barra Funda.
O diretor-presidente explica que modificar a atual estratégia, que acabou terminando a Linha 10-Turquesa na Estação Brás (no passado a linha operava entre as estações Luz e Rio Grande da Serra), mantendo as linhas 7-Rubi e 11-Coral terminando na Estação Luz, se deveu ao volume de passageiros transportados por cada uma delas. Moro reconhece, entretanto, a importância dos diversos equipamentos vizinhos à Estação Luz e que foram feitas simulações para modificar novamente os terminais das três linhas no Centro Expandido da capital paulista. Implementar o resultado das simulações, porém, ainda demanda estudos e tempo, além de trabalhos nas vias e na sinalização (como no caso da região da Estação Brás), algo bastante desafiador devido à necessidade de fazer as obras sem interromper o funcionamento da operação comercial do sistema.
Não há previsão para implementar o cenário no qual as linhas 7-Rubi e 11-Coral passam a terminar na Estação Palmeiras·Barra Funda, enquanto a 10-Turquesa finalmente retorna à Estação Luz. Antecipando eventuais questionamentos, Moro explicou que a estatal não enxergou outra forma de minorar os problemas da situação atual, apontando que apesar de penalizar o passageiro da Linha 7-Rubi, as transferências possíveis serão muito mais tranquilas, havendo três linhas como opção; Moro diz estar consciente de que as atuais opções disponíveis na Estação Brás para seguir rumo ao Centro de São Paulo não são adequadas, mencionando especificamente a Linha 11-Coral, a mais demandada da empresa, movimentando mais de 700 mil passageiros em média por dia útil:
A argumentação do executivo foi bastante razoável, entretanto, infelizmente o cenário pretendido ainda está longe do ideal, que exige novas estações, como a polêmica Bom Retiro, na região da Favela do Moinho, prometida desde 2013, pelo menos.
Como a Linha 2-Verde (Vila Prudente-Vila Madalena) na Estação Tamanduateí está longe de fazer grandes milagres, enquanto o acesso às linhas 3-Vermelha (Palmeiras·Barra Funda-Corinthians·Itaquera) e 11-Coral (Luz-Guaianazes-Estudantes) varia entre o difícil e o humilhante a partir da Estação Brás, o que se traduz numa situação bastante inconveniente para quem utiliza a Linha 10-Turquesa, bastante diferente do que deve acontecer com a Linha 7-Rubi, que seguirá tendo a (i) Linha 8-Diamante (Júlio Prestes-Itapevi-Amador Bueno) com lotação sempre baixa sentido Centro; (ii) a Linha 3-Vermelha com grande capacidade de oferta sendo Centro e Zona Leste, em contra-fluxo no período da manhã e; (iii) a Linha 11-Coral, que não só possui capacidade de oferta superior em relação às linhas 7 e 8, mas que também estará em contra-fluxo no período da manhã.
De certa forma, mesmo penalizando o passageiro da Linha 7 com uma transferência, as opções são muito mais versáteis e práticas, seja para acesso direto à região da Luz, Bom Retiro e Campos Elíseos (que pode ser feito inclusive via Estação Júlio Prestes, dependendo do destino), para seguir em direção à Estação Luz ou para continuar a viagem na direção da Zona Leste e do Alto Tietê (caso em que a comodidade deve ser maior, pois a transferência na Estação Palmeiras·Barra Funda tende a ser mais fácil e mais rápida, sem os gargalos típicos dos túneis da rede metroferroviária).
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