Por Caio César | 13/11/2020 | 2 min.
Série especial
Você está lendo uma série especial de artigos a respeito do Tatuapé e da Rua Itapura. Para visualizar os artigos já publicados, clique aqui.
Conclusão
Esperamos que esta série de artigos tenha contribuído para rebater as principais “abobrinhas” em torno de uma ciclovia na Itapura. Sabemos que a qualidade da infraestrutura viária nem sempre é adequada, no entanto, raros são os pleitos por ciclovias ainda mais caras, integradas com um projeto urbanístico mais sofisticado, pelo contrário, sobra sectarismo e ignorância.
Acreditamos que a prefeitura de São Paulo precisa elaborar projetos mais arrojados, ampliar as frentes de diálogo e, sobretudo, temer menos a opinião desqualificada da população. É papel do Executivo e do Legislativo, em conjunto com a burocracia técnica, compreender os anseios da população sem, no entanto, ser clientelista ou abaixar a cabeça para posturas e dinâmicas claramente tóxicas, cujo diagnóstico é praticamente consensual dentro do campo do planejamento urbano.
A população deve ser acolhida, informada e, gradativamente, convencida. É preciso que o poder público deixe claro que os rumos que a cidade historicamente adotou foram, na verdade, equivocados. É preciso que o poder público deixe claro que a técnica não é isenta e que muitas vezes esteve a serviço de agendas espúrias da indústria automobilística, contribuindo para produzir uma cidade ainda mais desigual e desagradável de se viver. A promoção de ruas completas colide frontalmente com a indústria automobilística, exige a ampliação da capacidade de planejamento do estado e expõe problemas decorrentes de décadas de desinvestimento e marginalização dos modos ativos (como o modo a pé e a bicicleta) e do transporte público.
A ciclovia é um primeiro passo para uma luta ainda maior, mais difícil e mais complexa, que poderia, no caso da Itapura, mirar na sua conversão numa espécie de transit mall gastronômico, cujo tráfego estaria restrito a pequenos veículos de carga, cuja circulação não seria discriminada, bem como caminhantes, ciclistas e ônibus da SPTrans. A adoção de mobiliário urbano exclusivo, cruzamentos elevados, redutores de largura nas esquinas, entre outras medidas contundentes de acalmamento de tráfego, seriam essenciais para a concretização desta possibilidade.
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