Por Caio César | 23/03/2021 | 3 min.
Fomos informados por uma fonte anônima de que a seguinte mensagem tem circulado entre funcionários das empresas estatais de transporte sobre trilhos de São Paulo:
Olá! Estamos organizando um abaixo-assinado exigindo melhores condições para os funcionários do transporte público de São Paulo. Atualmente, a empresa não nos disponibiliza nem mesmo os EPIs básicos, recebemos apenas máscara de papel, e os colegas pertencentes aos grupos de risco foram forçados a retornar ao trabalho. Não queremos parar, mas queremos que o Estado nos dê o mínimo de condição para sobreviver! Por favor, se você valoriza os profissionais do transporte, que não pararam em nenhum momento desta pandemia, nos ajude com sua assinatura e compartilhe com seus amigos e familiares!
A falta de EPIs (equipamentos de proteção individual) tem sido apontada desde abril do ano passado, pelo menos. Com a deterioração das condições de trabalho, tanto pela piora generalizada do quadro pandêmico, quanto pelo falecimento de funcionários (as mortes são recorrentes e informadas praticamente todos os dias), o abaixo-assinado já está sendo visto como o prenúncio de uma greve, até porque, no caso da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), ainda antes da circulação do abaixo-assinado, houve a comunicação de que o PPR (programa de participação nos resultados) não poderá ser pago em 31 de março. Sobre o PPR, por meio do informativo Trilhando, o Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil já se manifestou.
Publicado por Sindcentraldobrasil em Segunda-feira, 22 de março de 2021
Mesmo com menos dinheiro na conta e sem a garantia de equipamentos de proteção por parte do Executivo, dirigido atualmente pelo governador João Doria (PSDB), funcionários relatam que precisam comprar produtos de limpeza, copos descartáveis, álcool em gel e máscaras tirando dinheiro do próprio bolso. Na CPTM, as máscaras fornecidas são de pano (material sabidamente inadequado para ambientes com grande concentração de pessoas, como trens e estações), carecem de padrão (as características das máscaras variam, com algumas tendo mais tecido do que outras) e o principal produto de limpeza fornecido foi alvejante (para ser diluído em água).
Enquanto os funcionários se desdobram para driblar o descaso do atual governo estadual, o Sindicato da Sorocabana reiterou em 19 de março sua solicitação para que a categoria seja vacinada à luz da Lei Federal nº. 10.124/21. Similarmente, o mandato do deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) protocolou o Projeto de Lei nº. 24/21, que busca priorizar a imunização dos trabalhadores de transportes públicos de passageiros.
🚍🚉 #VacinaJá TRABALHADORES DOS #TransportesPúblicos
— Prof Carlos Giannazi (@carlosgiannazi) March 21, 2021
#Aprovapl24
🚦Com os trabalhadores dos #TransportesPúblicos protocolei o PL 24/21, para a inclusão desses profissionais, expostos ao risco extremo de contágio, na lista de prioritários do plano de imunização da Covid-19! pic.twitter.com/ATHziS6SR0
O comprometimento do quadro funcional afeta também os funcionários terceirizados de limpeza, que não conseguem limpar adequadamente todas as dependências, alegando insuficiência de pessoal. No melhor cenário, a faxina terceirizada consegue fazer o recolhimento do lixo acumulado.
O quadro dramático de mortes e falta de material contrasta com as estratégias de mídia social da Secretaria dos Transportes Metropolitanos e suas estatais, que continuam publicizando obras ou perfumaria (como “trens mascarados”) enquanto o funcionalismo de base segue arriscando a própria vida, além disso, apesar das atuais obras, o governo estadual postergou investimentos cruciais em infraestrutura e reduziu em mais de 10% os investimentos para 2021, retirando R$ 1,5 bilhão da mesa.
Preencha e envie o abaixo-assinado utilizando o formulário abaixo. Sua participação e compartilhamento são essenciais para aumentar a pressão sobre o governador João Doria.
Para informações sobre máscaras de melhor qualidade, visite os perfis Estoque PFF, PFF Para Todos e Qual Máscara? no Twitter.
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