Prestes a completar 30 anos, CPTM começa 2022 com turbulências

Por Caio César | 13/03/2022 | 3 min.

Legenda: Estação Brás
Surgida em maio de 1992, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos tem um início de ano ligeiramente turbulento: as reclamações em torno da concessão de duas de suas mais proeminentes linhas, 8-Diamante e 9-Esmeralda não parecem diminuir, ao passo que velhos problemas ligados ao meio físico continuam a assombrar a empresa

Este artigo é o primeiro de uma série especial de artigos sobre os 30 anos da CPTM.

Surgida em maio de 1992 e prestes a complementar 30 anos, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) tem um início de ano ligeiramente turbulento: as reclamações em torno da concessão de duas de suas mais proeminentes linhas, 8-Diamante (Júlio Prestes-Itapevi-Amador Bueno) e 9-Esmeralda (Osasco-Mendes·Vila Natal) não parecem diminuir, ao passo que velhos problemas ligados ao meio físico continuam a assombrar a empresa, tais como inundações (veja aqui, aqui e aqui) e erosões.

Legenda: Vídeo publicado no canal Band Jornalismo, que exibe reportagem acerca da erosão numa galeria de águas pluviais, com efeitos prejudiciais à circulação dos trens

Observação: a quantidade de pessoas que utilizam a Linha 11-Coral informado na reportagem da Band não condiz com os números oficiais: segundo a CPTM, a média de pessoas transportadas nos dias úteis é de 686,5 mil (dado pré-pandêmico).

A colisão que teve a Estação Júlio Prestes como palco parece ter selado o capítulo mais recente das turbulências pelas quais a CPTM vem passando, expondo denúncias de falta de treinamento durante a transição para a gestão privada e ampliando danos para a sua imagem, uma vez que, mesmo após a concessão e a publicação de uma nota de esclarecimento, veículos da imprensa seguem associando as linhas 8 e 9 à CPTM e não à ViaMobilidade.

Legenda: Vídeo publicado no canal do Via Trolebus, exibindo o momento da colisão entre um trem da série 7000 e uma das barreiras de contenção da estação

As dificuldades associadas à agenda desestatizante do governo João Doria (PSDB) vão ainda além das trapalhadas da ViaMobilidade: em fevereiro, o governo estadual anunciou mais um adiamento, empurrando o edital de um futuro trem regional entre São Paulo e Campinas para dezembro, o que deve dificultar sua capitalização pelos anseios de Doria à presidência do país.

A busca pela inserção de serviços regionais na malha da CPTM, aliás, não é nova. Como já discutimos em outros artigos, durante os mandatos de Geraldo Alckmin (então PSDB, atualmente sem partido), a CPTM contratou estudos e até chegou a publicar um livreto. Nada saiu do papel. E, como agravante, fica a impressão de um empobrecimento dos antigos planos, seja por enfraquecimento de máquina governamental, seja por má condução política.

Quando menos esperarmos, o período eleitoral terá começado e o governo paulista será alvo de disputa nas urnas. Como cidadãs e cidadãos, eleitoras e eleitores, será no mínimo estranho se permitirmos que a situação da CPTM não macule a trajetória de João Doria e, até mesmo, de antecessores, como Geraldo Alckmin e José Serra (PSDB).

Mais do que nunca, precisamos olhar para o que tem acontecido nas linhas do Trem Metropolitano e questionar se os tucanos nos legaram um transporte metroferroviário verdadeiramente digno e comprometido com o futuro de todas as pessoas vivem ou passam pelas regiões metropolitanas de São Paulo e de Jundiaí.




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