Por Caio César | 12/06/2022 | 3 min.
O CLCP (Comitê de luta contra a privatização da CPTM) realizou a divulgação de um ato a ser realizado na Estação Palmeiras·Barra Funda, que visa conscientizar a classe trabalhadora dos malefícios associados à concessão das linhas 8-Diamante (Júlio Prestes-Itapevi-Amador Bueno) e 9-Esmeralda (Osasco-Mendes·Vila Natal) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
O maquinista Lucas Dametto, ligado ao CLCP, divulgou mensagem em vídeo destacando que o processo de transferência das linhas para a iniciativa privada se deu em condições estranhas. Para Dametto, a ViaMobilidade, empresa ligada ao grupo CCR, se valeu da dívida bilionária com o governo estadual para abocanhar as duas linhas. Em junho de 2021, o veículo de jornalista investigativo The Intercept também publicou reportagem a respeito, na qual destacou que a coincidência também foi estranhada pela bancada do Partido dos Trabalhadores, que realizou denúncia ao TCESP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo).
O ato foi marcado em meio a uma atmosfera de descontentamento entre funcionários, que não só encontram dificuldades para mobilizar uma oposição consistente contra o desmonte da Companhia, cuja representação sindical está fragmentada em múltiplos sindicatos, que remontam à organização das ferrovias no século passado, mas também se veem obrigados a auxiliar a concessionária das duas linhas após sucessivas falhas e acidentes (incluindo uma batida na Estação Júlio Prestes, terminal da Linha 8 em São Paulo).
Conforme noticiado pelo Portal G1 em 24/05/2022, o atual governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), descartou o rompimento da concessão, fazendo coro à narrativa da ViaMobilidade, que sustenta que os problemas serão sanados com investimentos no futuro, ou seja, nas entrelinhas, o setor privado alega que as linhas estão sucateadas e os problemas nada mais são do que um reflexo natural. Até o momento, nem o governo tucano, nem a concessionária, foram capazes de explicar o contraste entre os serviços estatais e privados, ignorando o histórico de investimentos públicos e o nível dos serviços prestados pela CPTM na última década.
Em artigo publicado no site da corrente Esquerda Marxista do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Dametto aponta que “enquanto o treinamento médio de um maquinista na CPTM dura cerca de 6 meses o treinamento dos maquinistas que assumiram pela CCR não durou mais que três semanas”. Até o momento, o governo de São Paulo, mantendo sua tradição de pouca transparência e elevado cinismo, não parece ter sanado o abismo entre os quadros funcionais. Enquanto não forem dadas garantias de que os treinamentos da ViaMobilidade são tão rigorosos quanto os da CPTM, continuaremos insistindo de que as vidas de todas as pessoas que dependem das linhas 8 e 9 estão sendo colocadas em risco.
O ato está marcado para ser iniciado às 18 horas de segunda-feira, 13. Fazemos um apelo para que o maior número de pessoas compareça na Estação Palmeiras·Barra Funda, ademais, sugerimos o acompanhamento das mídias do CLCP no Facebook e Instagram.
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