Artigos publicados

Yellow em São Paulo

Dia 31 de julho de 2018, não estava muito empolgado. Sabia que pela regulamentação da Prefeitura de São Paulo, os novos sistemas de compartilhamento de bicicletas estavam para chegar. Foi anunciado que as novas licenças das OTTCs (Operadoras de Tecnologia e Transporte Credenciadas) dockless passariam a valer em agosto, aparentemente. 1° de agosto, ainda não muito empolgado. Parece que seriam 3 empresas que iriam lançar seus serviços. As bicicletas sem estação podem ser estacionadas em qualquer lugar da cidade.

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Nossa imprensa ainda descarrila quando aborda a (má) qualidade da CPTM

Parte 1: qualidade, prazo e investimento Recentemente o Estadão publicou um inusitado editorial sobre a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, no qual acertadamente chamou atenção para sua importância e um processo modernizador que se arrasta desde o início da década de 1990. O problema começa quando o editorial sobre a CPTM esbarra no famigerado hábito que a imprensa e algumas pessoas têm de falar em qualidade sem definir o que exatamente entendem por qualidade.

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Compras e viagens usando o transporte coletivo: sim, é possível!

Introdução Recentemente recebemos os seguintes comentários na nossa página no Facebook, devidamente indicados com setas vermelhas, após questionarmos quão ineficiente é o automóvel ao ocupar o espaço no sistema viário, ou seja, nas nossas ruas e avenidas: Legenda: Comentários recebidos em publicação datada de 29/05/2018 (o link permite acesso na íntegra) A ideia de que um carro é obrigatório para viajar e fazer compras não é nova. Durante a implantação das faixas exclusivas de ônibus na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad, eram recorrentes as manifestações de comerciantes, que se manifestavam contra as faixas exclusivas e, portanto, contra o aumento da qualidade de vida do passageiro do transporte público em detrimento da racionalização do espaço que, ao ser privatizado em prol de uma minoria, supostamente garante a maior movimentação do comércio varejista de rua.

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Até que ponto faz sentido despedir-se de um trem?

Uma breve introdução Quando comecei a escrever este artigo, simplesmente não fazia ideia de como poderia provocar o leitor e ser capaz de expressar um profundo questionamento à ideia de se despedir de uma série de trens da Companhia Palista de Trens Metropolitanos (CPTM) que, felizmente, serão aposentados — na verdade já deveriam ter sido em 2014, considerando um artigo de dois engenheiros da CPTM para a Revista Engenharia em 2013.

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Por que a nova linha da CPTM para o aeroporto internacional não chega diretamente nos terminais?

Prólogo A Linha 13-Jade (Eng. Goulart-Aeroporto) da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) foi aberta ao público pela primeira vez no último sábado, 31, desde então, já ouvimos de tudo um pouco: “não chega no aeroporto”, “não serve para quem usa bagagens”, “não atende a cidade de Guarulhos”, “liga nada ao lugar nenhum” etc. Prazos e promessas do poder público A ordem de serviço para as obras civis da foi assinada em 2013 com a promessa de conclusão para 2015, postergada depois para 2016, porém as obras realmente só progrediram ao ponto de ser possível a entrega da linha em operação assistida (e limitada, com um único trem operando) no primeiro quadrimestre de 2018.

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Relato da audiência pública da Ciclovia Domingos de Morais

Podemos, felizmente, começar pela fala final do secretário Sérgio Avelleda que sintetizou a audiência: tivemos uma contagem de 132 pessoas, aproximadamente, participando da audiência, e foi declarado unânime o desejo favorável à implantação da ciclovia. A ciclovia será feita em 4 trechos separados, cada um com uma tipologia, o que gerou uma certa confusão entre os presentes, mas que foi aceito — desde que a prefeitura instale todos os segregadores de segurança.

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Tornar a CPTM subterrânea entre a Lapa e o Brás não é delírio

Contextualização Há alguns dias o COMMU publicou um artigo de minha autoria intitulado “As entrelinhas da preservação do Minhocão”, o qual foi gentilmente compartilhado pelo senhor Alexandre A. Moreira num grupo público do Facebook chamado “SP sem Minhocão!”, gerando uma reação por parte do senhor João Baptista Lago, o qual declara em seu perfil naquela mesma rede social ser fotógrafo, dirigir uma organização da sociedade civil, ser morador do bairro nobre de Santa Cecília e contar com uma formação acadêmica em universidades tradicionais, incluindo uma passagem pela França.

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As entrelinhas da preservação do Minhocão

Prólogo Recentemente o 32xSP publicou reportagem intitulada “Prefeitura autoriza Parque Minhocão, mas moradores sonham com demolição do elevado” a qual veiculamos na nossa página facebookiana, como parte da nossa postura de incentivar veículos regionais, veículos independentes e outras mídias que contribuem para um olhar mais plural sobre São Paulo e a metrópole. Introdução realizada, o que vale destacar é que a partir da divulgação, foram observados alguns pontos de vista nos comentários, os quais valem ser discutidos com maior profundidade e tranquilidade aqui no Medium, longe das pressões impostas por uma caixa de comentários e o imediatismo tão comum no Facebook e, talvez não seria exagero dizer, o imediatismo tão comum ao próprio Elevado.

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Linha 4-Amarela, foliões e hipocrisia

Falta de educação? Nas redes sociais, predomina o discurso de que a Linha 4-Amarela (Luz-Butantã) foi vitimada pela falta de educação de alguns foliões, contudo, aquilo que parece ser mera opinião não passa de um posicionamento incoerente, fruto de posições ideológicas que defendem uma concessão repleta de garantias e cuja contrapartida da concessionária vencedora foi irrisória, conforme já discutimos no passado. É um posicionamento que precisa, desde já, ser questionado.

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Cidade, local de democracia

Essa é uma frase que eu adoro e gostaria que mais gente entendesse. A democracia é acordo e concessão, é construção de consenso, é a queda de braço respeitosa lado a lado da ajuda mútua. Já a cidade é onde você faz essa democracia. Das inúmeras coisas negativas no país, ações e crenças que trazem retrocessos, atrasos, prejuízos, eu acredito que uma das piores é a ilusão de que democracia é sinônimo de eleições.

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Monotrilho vs. BRT: parte 1

Na metade de 2017, uma discussão surgiu em um de nossos posts no Facebook, nele divulgávamos uma notícia intitulada “Consórcio Intermunicipal ABC vai formalizar proposta de BRT no lugar de monotrilho na linha 18” e, a princípio, não havia motivo para escrevermos um artigo longo por sua causa, até recebermos alguns comentários reforçando pré-conceitos e concepções equivocadas sobre sistemas de monotrilho. O maior problema foi a impressão de que havia um otimismo exagerando envolvendo sistemas de BRT (Bus Rapid Transit).

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Praia na Região Metropolitana de São Paulo? Temos!

Introdução No Riacho Grande, moradores e visitantes podem desfrutar de um amplo deck de madeira junto ao passeio público, quiosques com mesas e cadeiras, restaurantes flutuantes e uma pequena faixa de areia, com algumas árvores complementando o conjunto. Trata-se da prainha, como é conhecido o local, cujo principal acesso não poderia ter recebido um nome mais apropriado: Avenida da Praia. Assim como acontece com os bairros vizinhos da represa de Guarapiranga, o Riacho Grande também está situado numa área de proteção aos mananciais, sendo que a orla da prainha está às margens da represa Billings.

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5 sinais de que o paulistano ainda não atingiu a maturidade

Abaixo estão elencadas cinco situações comuns, todas acompanhadas de alguns comentários e esclarecimentos. Em alguns casos, foram incluídas fotografias também. 1. Defender bairros residenciais de baixa densidade ao lado de importantes centralidades Aqui temos um dos maiores reflexos de um processo de urbanização fragmentado e conduzido pelo mercado, que quando não estava desregulado o suficiente, buscava capturar o poder público para garantir a predominância de suas práticas, supostamente as melhores práticas.

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Procura-se um milagre

Negligência milagrosa Intitulado “Milagre é pegar um trem 3 segundos antes das portas se fecharem”, a crônica de Jéssica Moreira romantiza suavemente a convivência do passageiro com as intermináveis obras de modernização da CPTM e a conivência com o mau comportamento, aquele mesmo que todos sabemos ser o causador de inúmeros atrasos e acidentes, mas que muitas vezes ignoramos na correria cotidiana. Vamos direto ao ponto. Um passageiro segurou a porta do trem e a passageira desesperada (vou assumir que se tratava da própria cronista) saiu correndo para entrar.

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Avaliando o serviço suburbano Artesp entre Itapevi e São Roque

Prólogo Numa linda tarde de sábado, 23 de setembro de 2017, passageiros se enfileiram num ponto mal sinalizado na região central de Itapevi. Esperam por um ônibus que conecta Itapevi a São Roque, passando pelo distrito de São João Novo. Trata-se de uma ligação que opera entre duas metrópoles: a de São Paulo e a de Sorocaba. Estamos numa espécie de “limbo institucional” e a EMTU não tem poder de atuação; a Artesp, responsável por fiscalizar o transporte rodoviário, é quem regula — de forma bastante frouxa, diga-se de passagem — o serviço.

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The Guardian reproduz senso comum em reportagem sobre São Paulo

Introdução Em 29 de novembro de 2017 o periódico britânico The Guardian publicou reportagem intitulada "The four hour commute: the punishing grind of life on São Paulo’s periphery", algo como “A viagem de quatro horas: o castigo da vida na periferia de São Paulo” em uma tradução livre. O texto é fruto de uma semana dedicada à cobertura de diversos aspectos da vida em São Paulo, no entanto, o olhar do jornal acabou resultando em algumas posturas que não parecem contribuir positivamente para a análise do problema, a começar pelo título, que além de ambíguo e caçador de cliques, acaba contribuindo para dobrar o problema de tamanho: permite a interpretação de que são quatro horas de viagem na ida e mais quatro horas de viagem na volta.

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Zona Leste: até quando presa numa camisa de força?

Quando dialogamos com certas parcelas do campo progressista, uma das maiores dificuldades é explicar que a luta por mais infraestrutura de transporte não se trata de “mais do mesmo”, como já nos foi dito por uma ciclo-ativista. É óbvio que a Zona Leste precisa de políticas e ações de desenvolvimento, que elevem o número de postos de trabalho e permitam que a economia local seja mais dinâmica, mas será correto julgar que a infraestrutura atual é suficiente?

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Pare de tratar o transporte público como produto de prateleira

Insatisfação nas redes O Twitter e o Facebook se tornaram verdadeiros repositórios de insatisfação, acumulando resmungos e reclamações quando o assunto são os sistemas de transporte coletivo que atendem a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), incluindo a capital, enfim, aquilo que popularmente chamamos apenas de “transporte público”. A questão central é que muitas das manifestações de insatisfação que foram deixadas nas redes sociais, infelizmente, não parecem conectadas com um desejo verdadeiro de transformação da realidade.

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Concessão dos terminais de ônibus do Metrô: cadê a participação social?

O terreno está pronto Originalmente se falou em 17 terminais, conforme nós do COMMU adiantamos em artigo publicado em 21/09/2016, mas parece que o número final já está fechado: 15, a maioria deles na Linha 3-Vermelha (Itaquera-Barra Funda). São Paulo terá 15 terminais de ônibus integrados a estações do...São Paulo terá 15 terminais de ônibus integrados a estações do Metrô concedidos à iniciativa privada. Veja quais serão ▶ Publicado por Governo do Estado de São Paulo em Sexta-feira, 25 de agosto de 2017 Ana Carolina Nunes, conselheira do CMTT pela mobilidade a pé em São Paulo (veja mais sobre a câmara temática aqui), dispara uma série de questionamentos que, dada a postura habitual do governo estadual, infelizmente ficarão sem respostas:

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9 situações em que a CPTM supera o Metrô

Prólogo Como costuma ser defendido em vários dos artigos publicados pelo COMMU, a Região Metropolitana de São Paulo tem hoje e cada vez mais, dois sistemas de metrô, um nascido pelas mãos do município e o outro, fruto da “costura” e de diferentes ferrovias, que continuam sendo modernizadas e transportando cada vez mais passageiros a cada ano. Décadas de desinvestimento e a passagem por uma série de periferias e cidades menos prestigiadas da metrópole, no entanto, colocam um dos sistemas no limbo.

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