Artigos publicados

Discutir adensamento e verticalização é complexo e desconfortável, mas precisa ser feito

Introdução Começo este artigo dizendo que as discussões mais importantes parecem surgir pelos motivos mais errados. O caso do adensamento e da verticalização numa das mais populosas regiões do estado de São Paulo, não é exceção. E não é a primeira vez. Contexto: a Porte, uma construtora sediada no Tatuapé, responsável pela verticalização de parcelas relevantes da região, com um passado talvez não muito brilhante em termos arquitetônicos, decidiu que viraria a página: adotou uma linguagem arquitetônica mais contemporânea, passou a ser mais cuidadosa e decidiu incorporar uma espécie de “espírito bratkeano”, tomando para si o desafio de estimular o surgimento de uma “Berrini local”, batizada de “Eixo Platina”, em alusão à Rua Platina, paralela à Radial Leste.

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Ônibus não são trens: aprenda um cálculo simples de capacidade por hora por sentido

Recentemente, o think tank ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) publicou um material sobre a transformação de vias expressas. A princípio, o material parecia ser interessante, até que um olhar atento para a ilustração revelou um BRT (Bus Rapid Transit, ou transporte de massa por ônibus, em tradução livre para o português brasileiro) com dimensionamento extremamente otimista: 15 mil lugares por hora por sentido num BRT de duas faixas ou absurdos 45 mil lugares por hora por sentido num BRT com duas faixas por sentido.

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Expansão da Linha 11-Coral até a Barra Funda divide opiniões nas redes sociais

Introdução Em resposta à licitação de número 0463200001, descrita como “prestação de serviços de engenharia especializada para a elaboração de projeto executivo, fornecimento e implantação dos sistemas de rede aérea de tração, sinalização/SCT, suprimento de energia de tração e via permanente para a extensão da Linha 13 - Jade, trecho Luz - Barra Funda da CPTM”, começaram a surgir reportagens em diferentes tipos de mídias sobre a expansão da mais movimentada linha da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e, com elas, diferentes tipos de opiniões nas redes sociais monitoradas pelo Coletivo.

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Programa de Metas 2021-2024: apoie as metas compiladas por Ciclocidade e COMMU

Prólogo Entre os dias 8 de abril e 10 de maio, a prefeitura da capital está realizando Consulta Pública sobre os instrumentos de planejamento estratégico e orçamentário de São Paulo. A participação é feita por meio do site Participe+ e você pode criar uma conta rapidamente clicando aqui. Mobilidade por bicicletas A mobilidade por bicicletas é o foco da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade). Nós do Coletivo Metropolitano de Mobilidade Urbana (COMMU) entendemos que as bicicletas possuem maior prioridade em detrimento dos modos motorizados, assim, apresentamos estas metas primeiro.

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Falta de equipamentos de proteção no Metrô e na CPTM motiva criação de abaixo-assinado

Fomos informados por uma fonte anônima de que a seguinte mensagem tem circulado entre funcionários das empresas estatais de transporte sobre trilhos de São Paulo: Olá! Estamos organizando um abaixo-assinado exigindo melhores condições para os funcionários do transporte público de São Paulo. Atualmente, a empresa não nos disponibiliza nem mesmo os EPIs básicos, recebemos apenas máscara de papel, e os colegas pertencentes aos grupos de risco foram forçados a retornar ao trabalho.

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Filha do liberalismo à brasileira, SuperVia continua dando maus exemplos durante a pandemia

Recentemente, um vídeo alcançou mais de 15 mil interações (entre curtidas e compartilhamentos) no Twitter, nele, um trem da SuperVia, concessionária de uma parcela da malha metroferroviária da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, parte superlotado e com portas abertas de uma estação do Ramal Japeri. Para tornar a situação mais dramática, é possível perceber que o passageiro abaixou a máscara poucos segundos antes de o trem começar a partir.

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Cerca de 3 anos depois, acesso sobre trilhos ao aeroporto internacional continua problemático

O atual governo estadual tem falhado na tentativa de tentar tornar a Linha 13-Jade (Eng. Goulart-Aeroporto·Guarulhos) mais atrativa. Em que pese as limitações orçamentárias, os esforços envidados até o presente momento parecem ter sido apostas, no mínimo, duvidosas. A ligação entre a capital e o aeroporto internacional foi implantada no primeiro quadrimestre de 2018. Não há como o governo imprimir uma marca positiva diante das carências históricas de infraestrutura que tem falhado em sanar.

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Políticas urbanas negacionistas custam vidas

No momento em que o Brasil atinge 221.000 mortes por Covid-19, somos obrigados a lidar não apenas com a inação de um governo omisso, mas com o negacionismo de entidades que se dizem defensoras da sociedade civil, cujas propostas mesquinhas e contraproducentes, se implantadas, significam a sabotagem dos poucos esforços de distanciamento social, uma proliferação maior da pandemia, e um maior número de mortes. Enquanto na semana de 29 de janeiro todas as regiões do estado de São Paulo se encontram na Fase Laranja ou Fase Vermelha do Plano São Paulo (atividades ou completamente proibidas, ou permitidas com a máxima restrição), a Associação Comercial de São Paulo (ASCP) publica um manifesto negacionista assinado por outras associações de lojistas.

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Bianca Tavolari discute aluguéis e aumentos abusivos

Em vídeo gravado para o coletivo Aluguel em Crise, Tavolari, que também escreve para a revista Quatro Cinco Um, considera que a sociedade precisa compreender que o aluguel não é uma questão individual, que não ultrapassa os limites das partes que compõem os contratos de locação, mas um problema coletivo, salientando que, em virtude dos fatores econômicos associados aos aumentos, além do impacto na saúde pública, “uma política habitacional consequente para o momento que a gente está vivendo” deveria considerar a possibilidade de congelamento de preços e garantia de acesso à habitação.

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Coletivo Bike Zona Leste cria abaixo-assinado em prol de ciclofaixa na Vila Matilde

De acordo com o Bike Zona Leste, a Avenida Melchert, ao ser dotada de ciclofaixa, passa a exercer um importante papel articulador entre a ciclovia Caminho Verde (paralela à Radial Leste até a Estação Tatuapé) e, potencialmente, entre a Vila Matilde e a nova ciclofaixa da Avenida Aricanduva. O coletivo de ciclistas também argumenta que a paralisação da implantação da ciclofaixa prejudica o acesso seguro de ciclistas a um dos principais eixos de comércio e serviços da região, violando o plano cicloviário da capital paulista, o qual havia sido construído democraticamente, além disso, é feito um apelo em prol de um trânsito mais humano e menos violento: “dados da CET e do Governo do Estado de São Paulo demonstram que vias que receberam ciclofaixas/ciclovias tiveram drástica redução de atropelamentos e colisões após a implantação da infraestrutura cicloviária, evidenciando a importância de intervenções desse tipo como forma de aumentar da segurança nas ruas”.

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Falar de mobilidade não é fazer propaganda

Muito da cobertura de mobilidade urbana não é nada mais do que uma coleção acrítica de comunicados (ou boletins, também comumente chamados de press releases ou releases de imprensa), ou seja, informações que são fornecidas para veículos de imprensa por um determinado ator da sociedade, seja ele público ou privado. Em outras palavras, a cobertura sobre mobilidade urbana costuma ser, na verdade, mínima, quase inexistente, limitando-se ao papel de mera reprodutora de mensagens alheias, sem apurar, sem criticar e sem enriquecer as informações.

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Um novo olhar para o transporte rodoviário regional

A mobilidade regional entre as metrópoles e aglomerações urbanas paulistas, pelo menos nas últimas décadas, tem se dado por meio de rodovias, geralmente concedidas e dotadas de múltiplas praças de pedágio. Tais rodovias, quando comparadas com as ligações sobre trilhos existentes, geralmente voltadas para o transporte urbano ou apenas para o transporte de cargas, são mais modernas e apresentam traçado menos sinuoso, conferindo aos seus utilizadores tempos de viagem bastante competitivos fora dos horários de pico.

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Projeto #Sufoco divulga seu primeiro boletim

De acordo com boletim divulgado na última segunda-feira, 21, pela Rede Mobilidade Periferias, 63% das pessoas participantes relataram que o transporte público estava lotado, com pessoas em pé e aglomeradas. Os alertas de lotação predominaram nos ônibus (57%), seguidos dos trens da CPTM (27%) e dos trens do METRÔ (16%). Trata-se do primeiro boletim divulgado desde que o mapeamento foi iniciado na primeira semana de novembro. O boletim esclarece ainda que as linhas com mais denúncias não são, necessariamente, as mais lotadas, apenas que tiveram maior recorrência por meio da participação da população no projeto.

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Você sabe que 2021 também será uma bela porcaria

Desde sua criação, em 2014, o COMMU discute o transporte público e as cidades da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo). Com o passar do tempo, temos percebido que nossas discussões, na verdade, representam um conjunto de visões para o futuro das cidades nas quais vivemos e depositamos nosso sangue, suor e sonhos. Algumas das visões são mais palatáveis do que outras, mas todas nos parecem necessárias. Nossas visões para o futuro envolvem desde coisas simples, como boas calçadas, mais ciclovias e prioridade para os ônibus no sistema viário, até coisas mais delicadas e complexas, como aumento das ligações de transporte sobre trilhos, desmonte de rodovias urbanas e reorganização do transporte regional de passageiros em todo o estado.

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Balanço de atividades 2020

Novo site No mês de junho nosso novo site finalmente foi lançado, representando uma ruptura com a plataforma Medium, que desde 2014 abrigava toda a nossa produção textual. Apesar das sugestões recebidas de outros membros, o árduo trabalho de colocar o site no ar foi executado por apenas uma pessoa, que estudou as tecnologias disponíveis no mercado, contratou a hospedagem e o domínio e iniciou a migração de todos os artigos, num processo moroso e frustrante, que levou meses (de 13 de junho até 1 de setembro) para ser concluído.

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Leitor se opõe às mudanças na Linha 13 e cria abaixo-assinado

Contextualização Em 19 de novembro, o secretário Alexandre Baldy entregou mais um trem da série 2500 e anunciou que os serviços Connect e Airport Express tinham sido descontinuados em favor de um novo atendimento, chamado de Expresso Aeroporto (vide reportagem do G1). O novo serviço não obedeceria parada nas estações Engenheiro Goulart e Tatuapé, além disso, o novo serviço obedeceria parada nas estações Guarulhos·CECAP e Brás apenas nas viagens sentido Luz.

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Tatuapé: por uma ciclovia na Itapura (parte 4)

Série especial Você está lendo uma série especial de artigos a respeito do Tatuapé e da Rua Itapura. Para visualizar os artigos já publicados, clique aqui. Conclusão Esperamos que esta série de artigos tenha contribuído para rebater as principais “abobrinhas” em torno de uma ciclovia na Itapura. Sabemos que a qualidade da infraestrutura viária nem sempre é adequada, no entanto, raros são os pleitos por ciclovias ainda mais caras, integradas com um projeto urbanístico mais sofisticado, pelo contrário, sobra sectarismo e ignorância.

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Tatuapé: por uma ciclovia na Itapura (parte 3)

Série especial Você está lendo uma série especial de artigos a respeito do Tatuapé e da Rua Itapura. Para visualizar os artigos já publicados, clique aqui. A primeira parte apresenta uma contextualização para a discussão apresentada. Combatendo a desinformação Nesta segunda parte, daremos continuidade à contra-argumentação. Desta vez, rebataremos dois lugares-comuns: (i) ciclovias devem ficar em ruas ermas; e (ii) falta ou não há planejamento. Ciclovias não deveriam ser implantadas em ruas movimentadas Sem entrar no mérito do que é ou não ser movimentado, o discurso é simplesmente contraditório, porque, mais uma vez, vai na contramão de qualquer noção minimamente racional de otimização.

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Tatuapé: por uma ciclovia na Itapura (parte 2)

Série especial Você está lendo uma série especial de artigos a respeito do Tatuapé e da Rua Itapura. Para visualizar os artigos já publicados, clique aqui. A primeira parte apresenta uma contextualização para a discussão apresentada. Combatendo a desinformação Nesta segunda parte, daremos continuidade à contra-argumentação, tratando especialmente da redução das vagas de estacionamento. Redução das vagas de estacionamento Uma das reclamações com a qual mais nos deparamos está ligada à ideia de que é dever do poder público garantir que um veículo privado tenha garantia de espaço para estacionar.

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Mobilidade regional: mídia especializada não pode se limitar a entregar recados

Nos últimos dias, temos assistido a um verdadeiro tiroteio silencioso na arena da comunicação, no qual dois players tentam vencer, pelo disparo recorrente de releases de imprensa, a opinião pública e a disputa por espaço em blogues, jornais e outros veículos. De um lado, uma plataforma tecnológica e empresas de fretamento, do outro, o Estado e empresas tradicionais do transporte rodoviário de passageiros. Houve até uma manifestação envolvendo os primeiros, ocorrida na última quarta-feira, 28, com a circulação de ônibus rodoviários em importantes avenidas da capital.

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