Reflexão

Entre um milkshake e um sufoco

Sim, é uma provocação. Quer ver um exemplo? Quer ver como faz falta ter mais gente discutindo sobre a vida nas cidades? Escrevo este post após ter conhecimento de uma iniciativa conjunta das organizações ITDP e WRI, muito louvável, mas... quando visitei a página “Infográfico aponta onde estão as pessoas e o transporte na cidade de São Paulo” no site do ITDP, fiquei assustado ao me deparar com um material que chama as linhas da CPTM de “Ramais de trem” — em sã consciência, quantos passageiros usam o termo “ramais” em São Paulo para se referir às linhas da CPTM?

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O motorista do automóvel é um vilão?

Legenda: Charge que compartilhamos no Facebook em 23/04/2015 Aproveitamos a polêmica gerada naquela altura para recuperar algumas colocações que fizemos, de forma a não permitir que sejam esquecidas num post antigo do Facebook. Vilão ou vítima? O motorista do automóvel é um vilão? Não. Nós, indivíduos, cidadãos, pessoas comuns, em geral respondemos aos incentivos que recebemos. Se a cidade, sociedade ou Estado fornece boas ruas para os carros e más alternativas para o restante, é razoável supor que as pessoas comprarão mais carros.

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Atrapalhando o trânsito de São Paulo

Alguns parecem tratar o trânsito de São Paulo como uma entidade diferenciada, que merece extremos cuidados e máxima prioridade, bem… temos uma má notícia para tais pessoas: aqui não tratamos o trânsito de São Paulo com tapete vermelho e muita pompa, ao invés, o Coletivo Metropolitano de Mobilidade Urbana prefere discutir formas de melhorar a mobilidade metropolitana, indo além dos automóveis. Quem faz o trânsito são pessoas dirigindo seus carros e a cidade é feita para todos, não só para aqueles que estão atrás do volante.

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Twitter e mobilidade urbana: o limite foi atingido?

Introdução Desde 2010 tenho acompanhado pelo Twitter o transporte coletivo na Região Metropolitana de São Paulo, cheguei até mesmo a colaborar assiduamente mandando informações com hashtags e ainda hoje mando esporadicamente. Mas…. ultimamente tenho pensado… Será que o Twitter chegou no seu limite diante do papel desempenhado pelos coletivos? Ando preocupado. É grande quantidade de perfis concorrentes, numa competição talvez sem sentido, em que a solidariedade e a colaboração parecem ter ficado de lado.

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Por que sentamos no chão?

Legenda: Estação Sé. Créditos: VTA São Paulo carece de espaços públicos de qualidade. E não se trata apenas da existência de equipamentos, de sua manutenção e sua segurança (ou sensação de segurança), mas também da construção de um imaginário coletivo a partir do espaço físico. Usar como ponto de encontro uma praça em São Paulo é, no mínimo, estranho a ouvidos paulistanos. Muitos sequer têm noção da apropriação que pode haver em uma praça, veem-na como espaço residual dentro do viário.

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Linha 12: quando nossos sistemas de transporte falham, é sinal de que nós podemos ter falhado também

Histórico De pingentes (usuários pendurados nas portas), trens com assoalho remendado por tábuas de madeira e meia dúzia de estações precárias (algumas de mais de meio século de idade), a linha passou a viver, principalmente a partir de 2005, uma nova fase, que resultou, sobretudo no período compreendido entre os anos de 2006 e 2008, na inauguração de novas estações e entrega de trens reformados e/ou modernizados. A última novidade na Linha 12 foi a reinauguração da Estação São Miguel Paulista em 2013, totalmente reconstruída.

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Os 130 km de trilhos da CPTM esquecidos dentro da capital

A rede da CPTM, com cerca de 260 km, atendendo 22 municípios, com mais de 90 estações, aproximadamente 170 trens e movimentação de quase 3 milhões de usuários em média por dia útil apresenta não só números superlativos, mas também descaso em igual ou superior escala. A capital possui cerca de 130 km (136,5 km, para ser mais exato, de acordo com a Secretaria dos Transportes Metropolitanos), o que é mais do que a rede do Metrô inteira, mesmo se somarmos a Linha 4, operada pela CCR ViaQuatro em regime de concessão patrocinada).

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A exaltação das dificuldades com o transporte coletivo é suficiente para que as causas sejam investigadas?

Quando falhas ocorrem em linhas como a 3-Vermelha do Metrô de São Paulo, transbordam nas redes sociais críticas ao serviço da Companhia do Metrô, à superlotação e à precariedade do transporte coletivo em geral. São críticas oportunas, obviamente, mas precisamos ir além na captura do descontentamento. O problema é que reclamar da superlotação ou dizer que o transporte público é precário, é chover no molhado. Não resolve mais. É um grito de sofrimento que se tornou banal.

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