Transporte sobre pneus

Choradeira envolvendo cancelamentos de viagens em apps como Uber e 99 retrata uma classe média que não se importa com ônibus e trens

Se considerarmos como classe média as famílias com renda mensal per capita, ou seja, por pessoa, numa faixa que se inicia em R$ 667,87 e termina em R$ 3.755,76, a exemplo do que fez o Instituto Locomotiva no primeiro semestre, talvez não seja um exagero levantar a hipótese de que, pelo menos os extratos mais altos dessa faixa, com renda superior a 1 ou 2 salários-mínimos, abrigam parte relevante da clientela de serviços de ride-hailing, como Uber e 99.

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Baldy sobre cancelamento da Linha 18: “nunca houve e não há troca ou substituição de projeto”

Quase uma semana após reportagem do Estadão tratando de um possível imbróglio judicial, o secretário Alexandre Baldy (Progressistas), utilizou o Twitter e publicou a declaração em resposta ao perfil São Paulo YIMBY. Nunca houve e não há troca ou substituição de projeto. Muito obrigado https://t.co/AHd6MnkWFw — @alexandrebaldy (@alexandrebaldy) July 10, 2021 Legenda: Retuíte comentado do secretário Alexandre Baldy Então, fica o nosso questionamento, que se soma às várias perguntas do site Metrô CPTM, também não respondidas por Baldy ou outro representante da pasta de transportes metropolitanos do governo paulista: se o cancelamento da Linha 18-Bronze (Tamanduateí-Djalma Dutra), a despeito da existência de um certame com vencedor já determinado há anos, balizado por um projeto que, inclusive, foi em parte custeado pelo erário são-bernardense, de forma a favorecer um projeto privado de BRT (Bus Rapid Transit ou transporte de massa por ônibus, em tradução livre para o português brasileiro), proposto pela única concessionária existente em toda Área 5, que tem operado e mantido o Corredor Metropolitano ABD (São Mateus-Jabaquara) desde 1997, não implica troca ou substituição de projeto, do que se trata, afinal?

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Espera por ônibus pode ultrapassar uma hora em Mogi das Cruzes

Contextualização Hoje, domingo, 27, uma reclamação foi publicada no grupo “Bem Vindo a Mogi das Cruzes - Uma cidade monitorada por pessoas” — um dos poucos grupos do Facebook sobre uma cidade da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo) que não está inundado com propagandas indesejáveis ou que não se tornou um covil reacionário —, tratando da Linha C403 (circular Terminal Central-Jardim Camila) do SIM (Sistema Integrado Mogiano). De acordo com o relato, após a partida das 9h50 no Terminal Central, o próximo horário seria o das 11h15, ou seja, a passageira foi informada de que precisaria amargar 1 hora e 25 minutos mofando na plataforma, pelo menos.

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Ônibus não são trens: aprenda um cálculo simples de capacidade por hora por sentido

Recentemente, o think tank ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) publicou um material sobre a transformação de vias expressas. A princípio, o material parecia ser interessante, até que um olhar atento para a ilustração revelou um BRT (Bus Rapid Transit, ou transporte de massa por ônibus, em tradução livre para o português brasileiro) com dimensionamento extremamente otimista: 15 mil lugares por hora por sentido num BRT de duas faixas ou absurdos 45 mil lugares por hora por sentido num BRT com duas faixas por sentido.

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Um novo olhar para o transporte rodoviário regional

A mobilidade regional entre as metrópoles e aglomerações urbanas paulistas, pelo menos nas últimas décadas, tem se dado por meio de rodovias, geralmente concedidas e dotadas de múltiplas praças de pedágio. Tais rodovias, quando comparadas com as ligações sobre trilhos existentes, geralmente voltadas para o transporte urbano ou apenas para o transporte de cargas, são mais modernas e apresentam traçado menos sinuoso, conferindo aos seus utilizadores tempos de viagem bastante competitivos fora dos horários de pico.

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PL 529/2020 é aprovado: EMTU, CDHU e outras empresas serão extintas

São Paulo parece estar se inspirando fortemente no Rio de Janeiro, aquele estado que não conhece nem o gabarito dinâmico dos trens do minúsculo sistema de metrô que concedeu nos anos 1990 e, desde então, tem se expandido vergonhosamente, enquanto a periferia amarga um sistema ferroviário sucateado, que jamais foi enxergado como um potencial sistema de metrô, apesar de sua capilaridade excelente. Retrato da negligência, uma das estações centrais está quase desmoronando e abrigava antigos documentos numa sala sem refrigeração, evidenciando uma total ausência de governança do patrimônio e inteligência sob responsabilidade do Estado Fluminense.

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Debate sobre a extinção da EMTU proporciona reflexões importantes

Em 17 de setembro, um dia antes da comemoração da Semana Nacional de Trânsito (também chamada de Semana da Mobilidade, prevista no Art. 365 da Lei Federal 9.503/1997), o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB SP) e a Casa da Cidade organizaram um debate sobre a extinção da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, responsável pelos ônibus intermunicipais que circulam nas regiões metropolitanas paulistas) no âmbito do projeto de lei 529/20.

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PL que ameaça EMTU e CDHU provoca reações: dois abaixo-assinados e um ato-live marcado para 21/08. Mobilize-se!

Para além do artigo discutindo parte da problemática constitucional que envolve a existência de empresas como Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano, em liquidação por força da Lei 17.056/2019) e EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo), estamos divulgando algumas ações que consideramos oportunas para a luta contra o Projeto de Lei 529/20, de autoria do Executivo paulista, sob o comando do atual governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB).

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Extinção da EMTU vem a reboque da Emplasa e aprofunda efeitos do municipalismo

Introdução No último quadrimestre letivo da UFABC (Universidade Federal do ABC), tive a oportunidade de produzir um ensaio ligado à governança metropolitana, como parte de uma disciplina que aborda modelos de governança e participação social. A metropolização da capital paulista e os municípios do entorno, culminando posteriormente na criação da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo), no ano de 1974, ainda durante a ditadura, bem como os desafios de sua governança em meio às transformações socioeconômicas e políticas de um Brasil redemocratizado, são temas que recorrentemente surgem nas discussões entre os membros mais ativos do COMMU em nosso grupo no Telegram.

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Concessão para reconstrução e exploração comercial do Terminal Central de Mauá é publicada

Após notícias referentes à reforma e construção dos terminais do Itapark, Itapeva e Zaíra, na cidade de Mauá, no ABC Paulista, foi publicado na última quinta-feira (16) no Diário Oficial do Município a concorrência pública número 003/2020. A publicação consiste na “concessão de uso parcial de espaço público para exploração comercial, mediante a realização de obras de reestruturação e modernização do terminal rodoviário do município de Mauá, respectivo passeio público e entorno”.

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Texto-resposta: para ampliar a malha cicloviária mogiana, não é preciso prejudicar o crescimento do transporte sobre trilhos e ameaçar o (pouco) espaço a ele dedicado

Introdução O objetivo deste artigo é discutir alguns aspectos de uma proposta elaborada pelo Coletivo MTB - Mogi das Cruzes, Colégio de Arquitetos e pelo arquiteto Paulo Pinhal e apoiada por BiciMogi e Rede Nossa Mogi das Cruzes. Para tanto, citamos alguns trechos, tal como foram publicados quando da elaboração deste texto-resposta, para, em seguida, fornecermos nosso ponto de vista enquanto um coletivo de mobilidade que atua na escala metropolitana e, logo, entende que o papel da Linha 11-Coral (Luz-Estudantes) está fortemente associado a vida não só na Zona Leste de São Paulo, mas também nos municípios da Sub-região Leste da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo), nomeadamente Ferraz de Vasconcelos, Poá, Itaquaquecetuba e Mogi das Cruzes.

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Folha de S.Paulo acerta ao publicar editorial que defende pedágio urbano e corredores de ônibus

O jornal Folha de S.Paulo publicou recentemente um editoral intitulado “O que a Folha pensa: transporte em crise”, no qual admite que o aumento recorrente de tarifas transfere o ônus dos operadores para a parcela mais necessitada da população: Para o longo prazo, a saída passa, antes, por uma pisada no freio dos incentivos ao transporte individual. Isso poderia começar, por exemplo, com introdução do pedágio urbano e ampliação decidida de corredores exclusivos.

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Em busca do seletivo perfeito: reflexões sobre a mobilidade regional a partir do Trem Metropolitano e do fomento à mobilidade como serviço

Justificativa Considerando as últimas discussões que realizamos internamente a respeito do transporte sob demanda, uma das possibilidades levantadas é a de que o modelo do fretamento (quando pessoas ou grupos de pessoas contratam um ônibus para se deslocarem entre pelo menos dois pontos, a partir de necessidades em comum) possui o espaço e a força que conhecemos, sendo onipresente na capital paulista, devido à situação da malha de transporte sobre trilhos.

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Região Sudoeste: a mais esquecida da metrópole

Panorama geral Segundo definição da Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano, atualmente em processo de liquidação), a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) é formada por seis sub-regiões. Legenda: Mapa da Região Metropolitana de São Paulo. Fonte: Emplasa (sem data) Esclarecido isso, vamos falar da sub-região Sudoeste. De todas as sub-regiões da RMSP, a Sudoeste possui a peculiaridade de não possui um único quilômetro de trens metropolitanos ou corredores de ônibus.

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Dicotomia entre metrô pesado e ônibus de baixo padrão prejudica São Paulo e região metropolitana

Introdução A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), cujo gigantismo pode ser facilmente exaltado pelas cifras de seu PIB (Produto Interno Bruto) ou pelo seu impressionante contingente demográfico, também impõe sérios desafios à mobilidade de pessoas e mercadorias. As dificuldades de deslocamento não estão apenas materializadas na realidade fática e cotidiana da população metropolitana, mas também nas disputas, estas menos visíveis, que ocorrem nos bastidores. Nos últimos anos, existem algumas narrativas em disputa, que podem colocar em xeque o futuro da expansão da rede de alta e média capacidade sobre trilhos da RMSP, potencialmente selando o destino de centenas de milhares de pessoas.

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Os novos terminais de Mauá

Contextualização No último sábado, de acordo com reportagem do Diário do Transporte foi publicado no Diário Oficial de Mauá a concorrência pública para construção e reforma de terminais de Mauá. As obras contam com recurso de 16,8 milhões, a verba é corresponde à primeira de duas etapas de um pacote no total de aproximadamente 33 milhões, provenientes do PAC Mobilidade, que contemplarão, na segunda etapa, a construção do corredor de ônibus da Avenida Itapark.

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Gestão frouxa da EMTU transmite abandono e descaso

Introdução Contatar a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) pelos canais oficiais é garantia de respostas genéricas, enviadas na forma de e-mails sem assunto, que não raramente chegam em horários nada comerciais, incluindo domingos. O relacionamento entre a estatal e os passageiros, que dependem dos serviços de permissionários e concessionários, não demonstra ser capaz de entregar soluções e melhorias. Marasmo É lamentável observar que a empresa não possui nenhuma prioridade orçamentária, pois claramente não vai entregar nenhum dos corredores projetados nas gestões passadas.

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Discussão sobre clandestinidade do UBus subestima a complexidade do território e da política

A prefeitura de São Paulo, ao interferir na operação dos ônibus executivos recém-lançados pela Metra, contribuiu para alimentar uma série de discursos supostamente favoráveis à inovação tecnológica, empreendedorismo e uma melhor mobilidade. Balela. Como falar de inovação num contexto de monopólios naturais, corporativismo faccional e captura do estado? Para tornar tudo pior, a comparação com a Uber em meio ao buzz que se formou, com sites de tecnologia publicando a respeito (vide aqui, aqui, aqui e aqui), foi uma espécie de tiro no pé da prefeitura da capital paulista, que mais uma vez assumiu o papel de vilão estatal.

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UFABC: identificando problemas e possíveis soluções de mobilidade

“ Critico os condomínios por não criarem uma vida pública regulada por princípios democráticos, responsabilidade pública e civilidade. (Teresa Pires do Rio Caldeira, Cidade de Muros, p. 277) Introduzindo e contextualizando o assunto Recentemente estive envolvido em discussões sobre a Universidade Federal do ABC (UFABC) e as ligações entre os campi e os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano. Até recentemente os alunos viajavam em pé utilizando um serviço de ônibus fretado que estava desrespeitando a legislação vigente, pois (i) permitia o transporte de passageiros em pé e; (ii) operava com veículos do tipo urbano de três portas.

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Por que é tão difícil discutir a mobilidade na região do Grande ABC?

Introdução Nos últimos meses a Linha 18-Bronze (Tamanduateí-Djalma Dutra), que tem tudo para ser mais uma PPP (parceria público-privada) fracassada, tem sido envolvida em discussões sobre mobilidade urbana que adotam as premissas erradas e, como não poderia deixar de ser, chegam a conclusões equivocadas ou até mesmo desonestas. Considerando que já travamos uma série de discussões na página, que temos vários membros que moram e/ou estudam e/ou trabalham em municípios do Grande ABC (também chamado de ABC Paulista, ABC, ABCD e ABCDMMR, embora a denominação oficial seja Sub-região Sudeste da Região Metropolitana de São Paulo) e que não seria de bom tom ignorar o que vem acontecendo, estamos publicando um artigo a respeito.

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