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Pesquisa Origem e Destino 2023: comentários preliminares

Introdução Este artigo está saindo com quase uma semana de atraso, mas considerando o comportamento infantilizado e baseado numa reatividade de extremo curto-prazo, quero frisar, desde já, que os resultados da última Pesquisa Origem e Destino são bastante preocupantes. Não consigo expressar quão preocupantes são, considerando principalmente a trajetória crítica que desempenho no Coletivo, os apontamentos presentes no relatório da pesquisa. A Pesquisa Origem e Destino é uma das mais tradicionais e completas em matéria de mobilidade, sendo um insumo relevante para o planejamento da operação e da expansão da rede metropolitana de transporte e, possivelmente, de alguns sistemas de caráter estritamente municipal que se entrelaçam com a rede sob responsabilidade do governo do estado.

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99Moto, sintoma da omissão e da preguiça (de burocratas a intelectuais)

Enquanto tratamos a 99 como uma barraquinha de churros em algum rincão, minimizando a presença da empresa, os problemas continuam se avolumando em meio à crise de representatividade que tem corroído a esquerda. Olhares atentos devem ter percebido que o artigo anterior fez referência à proposta para um “sistema super local” – pela qual peço desculpas pela redação, pois suspeito que o texto foi retalhado para se adequar às limitações da prefeitura paulistana –, feita há cerca de quatro anos.

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Concorrência desleal do 99Moto visa criar outro exército de idiotas

A oferta de serviços de ride-hailing envolvendo motocicletas está longe de ser uma novidade na RMSP (Região Metropolitana de São Paulo). Empresas como a gigante chinesa DiDi Chuxing, proprietária da 99, já exploram o serviço na vizinhança invisível da capital paulista. Em municípios como São Bernardo do Campo, por exemplo, não é muito difícil evidenciar o embarque de passageiros em motocicletas ao longo de avenidas como a Senador Vergueiro, mas apesar de toda a riqueza, o quinto PIB (Produto Interno Bruto) paulista virtualmente não tem relevância na discussão sobre a cidade de São Paulo, embora a cidade esteja conurbada e relativamente próxima da Zona Sudeste; em Franco da Rocha, um município bem mais pobre, a queda de braço foi perdida.

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Plano Diretor da Cidade Universitária da USP: uma oportunidade a não ser perdida

No último dia 18 de outubro, foi lançado o documento com as propostas consolidadas para o novo Plano Diretor da Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira da Universidade de São Paulo e, ao contrário dos planos anteriores, este plano diretor não está sendo criado dentro da estrutura burocrática da universidade, o elemento participativo está ativamente presente em sua construção, algo muito positivo para uma instituição que ainda tem suas principais instâncias de decisão uma participação pequena da população dos trabalhadores, estudantes e estudantes-moradores do campus.

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O tímido programa de Rodrigo Valverde para Mogi das Cruzes

Introdução Rodrigo Valverde encabeça a chapa do Partido dos Trabalhadores (PT) para a prefeitura de Mogi das Cruzes. Estando no seio do bolsonarismo e no quintal do Partido Liberal (PL) de Valdemar da Costa Neto, não tenho dúvidas de que a vida política de Valverde não deve ser das mais simples. A vida, às vezes, pode envolver escolhas. Valverde escolheu ser candidato. Eu escolhi construir um coletivo ligado à mobilidade urbana na região metropolitana.

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COMMU comenta programa de governo de Ricardo Nunes

Para localizar outros dados em relação à candidatura, incluindo o programa de governo, basta acessar a página correspondente no Sistema DivulgaCandContas. Meio Ambiente pra frente, cuidando de gente. ATRIBUÍDO-001. Definimos uma estratégia abrangente para enfrentar os desafios ambientais da nossa cidade, que envolve a integração do desenvolvimento das Áreas de Proteção e Recuperação dos Mananciais (APRM) com habitação social, lazer e empregos verdes. Atuaremos nos assentamentos precários da Billings e Guarapiranga, no marco legal do Programa Mananciais, que poderão beneficiar até 40 mil domicílios.

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COMMU comenta programa de governo de Tabata Amaral

Para localizar outros dados em relação à candidatura, incluindo o programa de governo, basta acessar a página correspondente no Sistema DivulgaCandContas. Habitação ATRIBUÍDO-001. Criar uma plataforma digital de locação social e compra subsidiada de imóveis residenciais, sem intermediários e com automatização de processos, semelhante às plataformas de aluguel e compra de imóveis do setor privado, utilizando a modalidade de compra direta de unidades prontas do setor privado do Pode Entrar. A plataforma, com o governo atuando como “fiador”, simplifica e desburocratiza o processo de locação e compra.

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COMMU comenta programa de governo de Guilherme Boulos

Para localizar outros dados em relação à candidatura, incluindo o programa de governo, basta acessar a página correspondente no Sistema DivulgaCandContas. Mobilidade 22. Expansão dos corredores de ônibus. Vamos expandir os espaços exclusivos para ônibus, como os BRTs, corredores e faixas exclusivas. Para isso, daremos prioridade à construção dos seguintes corredores: Aricanduva, Radial Leste (trechos 1, 2 e 3), Miguel Yunes, M’Boi Mirim, Celso Garcia, Itaim-São Mateus (Perimetral Leste), Norte-Sul e Perimetral Bandeirantes (Bandeirantes – Tancredo – Salim Farah Maluf), além de outros já previstos no PlanMob e no Plano Diretor.

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Trem da esperança: quando mudar para mais longe pode encurtar distâncias

Introdução Em dezembro de 2023 — sim, este texto está sendo publicado depois de meses na gaveta —, trouxe alguns artigos para discussão entre membros ativos do COMMU (por meio do grupo fechado que possuímos no Telegram). Curiosamente, os artigos foram encontrados por mim acidentalmente, a partir de uma sugestão do YouTube para um vídeo. O que começou com uma severa denúncia sobre más condições de trabalho terminou com longas e dramáticas histórias sobre a crise habitacional que assola o estado de Connecticut, na metrópole tri-estadual que também envolve os estados de Nova Iorque e Nova Jérsei, na costa leste dos Estados Unidos.

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Eleições 2024: Guilherme Boulos e propostas para o transporte público

Contextualização Este artigo tece comentários a respeito do vídeo “Propostas para o Transporte Público | Pra Cuidar de São Paulo”, ligado à candidatura da chapa oficializada por Guilherme Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (PT) em 20 de julho. O vídeo foi carregado no canal de Guilherme Boulos no YouTube há cerca de duas semanas, em 11 de julho de 2024. Legenda: Vídeo “Propostas para o Transporte Público | Pra Cuidar de São Paulo”, publicado no canal de Guilherme Boulos no YouTube Até começar a discussão da Estrada M’boi Mirim (via localizada no extremo sudoeste do município), a conversa pareceu acertada.

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Reflexões sobre cobrança de pedágio na Mogi-Dutra

O Diário de Mogi tem encampado a luta (de classe média e alta, aparentemente) contra o pedágio na rodovia Mogi-Dutra. Nada de errado em questionar, ainda que veladamente, o pequeno estelionato eleitoral de Tarcísio de Freitas (Republicanos) que havia prometido interromper o processo iniciado no governo de Rodrigo Garcia (PSDB), bem como o produto direto da privatização a partir de uma concessão, que é a construção de uma ou mais linhas de receita.

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Tarifa zero não é bala de prata, mas pode valer a pena

Em seu artigo intitulado “A Tarifa Zero não vale a pena”, Anthony Ling apresenta uma série de argumentos (alguns deles acompanhados de referências relevantes) para sustentar, em suma, que: Tarifa zero custa muito caro e exerce uma pressão orçamentária relevante sobre outros serviços essenciais; Tarifa zero empobrece tanto sistemas de incentivos aos operadores existentes, quanto a percepção de qualidade da população usuária, que se torna mais leniente; Tarifa zero desestrutura mecanismos de equilíbrio entre oferta e demanda; Casos nacionais relevantes dependem de recursos como royalties de atividades de extração de recursos não renováveis, tais como minério e petróleo; O caráter universal da tarifa zero pode acarretar subsídios regressivos; A tarifa zero pode não resultar em migração modal do transporte individual motorizado para o transporte público coletivo; A tarifa zero pode reduzir a participação das viagens a pé e de bicicleta, resultando em migração modal do transporte ativo para o transporte público coletivo.

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A tarifa zero para os ônibus de São Paulo seria uma política correta? SIM E NÃO

Contextualização O assunto não recebeu o consenso adequado dentro do COMMU, mas eu gostaria de criticar especialmente a postura do campo progressista e agradeço pelo apoio que recebi de alguns membros, como Tiago de Thuin e o Diego Vieira, além de pessoas que não estão conectadas diretamente ao COMMU, como o Guilherme, responsável pelo São Paulo YIMBY. É importante deixar claro, como principal financiador e contribuidor deste site, que o espaço está aberto para o debate.

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Santo André divulga ações do Plano de Mobilidade. COMMU acompanhou

Introdução Em 17/08/2022, sem muito alarde, foi realizada mais uma audiência do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável do município de Santo André. Marcos Bicalho, consultor da Oficina Consultores, empresa responsável pelos trabalhos, realizou a apresentação das ações propostas no âmbito do Plano. Os membros Diego Vieira (Mobilidade Santo André) e Caio César (um dos principais idealizadores do COMMU) participaram da audiência pública do Plano. Santo André é uma das principais economias da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo) e do conjunto de municípios conhecido por nomes como ABC Paulista ou Grande ABC, embora oficialmente corresponda à Sub-região Sudeste da RMSP.

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Em mais um dia de greve de ônibus, CET repete receituário ultrapassado

Em mais uma greve dos ônibus dos operadores privados do sistema estrutural da SPTrans (São Paulo Transporte), a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) repete receituário ultrapassado e privilegia o automóvel, liberando faixas exclusivas e corredores de ônibus para que sejam invadidos por automóveis, caminhões e motocicletas. É sintomático que a CET continue prejudicando a infraestrutura de priorização do transporte público sobre pneus, negando, por exemplo, que a despeito da paralisação das linhas do sistema estrutural, permanecem circulando as chamadas “lotações”, geralmente ônibus de menor porte que fazem parte do sistema local, responsável por atendimentos entre bairros, incluindo linhas alimentadoras para terminais de ônibus urbanos da SPTrans e estações do sistema de metroferroviário.

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Alta dos combustíveis e a falta de consciência

É lamentável que a experiência adquirida com a implantação e operação de ônibus elétricos convencionais, por exemplo, não tenha nenhum papel relevante para ensejar propostas nas campanhas. O surgimento do Corredor Metropolitano ABD, que atende aos municípios de Diadema, São Bernardo do Campo, Santo André e São Paulo, é fruto de uma série de esforços envidados a partir da década de 1970, marcada pelos choques que ficaram conhecidos como crises do petróleo e, mesmo assim, parece não servir de exemplo, tanto com relação aos acertos, quanto com relação aos equívocos.

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O seccionamento de linhas como a 574J-10 está atrasado e precisa ser defendido

O município de São Paulo possui um dos maiores sistemas de ônibus do continente americano, no entanto, a promessa de uma reforma, dando continuidade ao choque de racionalização ocorrido durante a gestão da Marta Suplicy, então no Partido dos Trabalhadores (PT), jamais foi cumprida. Legenda: As duas tipologias de sistemas de ônibus comumemente adotadas (Guia TPC, p. 17) Seja pela ligação afetiva de alguns operadores com linhas com as quais sentem terem contribuído por um ou mais motivos, seja pelo populismo de políticos eleitos, seja pela ausência de infraestrutura ou resistência para melhor utilização da infraestrutura existente, São Paulo tem patinado na construção de uma rede de ônibus, que substitua o atual sistema, caótico, incoerente e com sérios problemas de velocidade média, oferta de lugares e articulação local e regional.

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A quem interessa o desmonte da rede noturna?

Introdução Em 2015 a prefeitura de São Paulo anunciou a criação de uma rede de ônibus noturna que contemplaria praticamente toda a cidade, em substituição às linhas isoladas que existiam até então. A medida foi um grande avanço para o transporte público da capital, que possui uma vida noturna agitada mas que até aquele momento carecia de um transporte bem articulado durante as madrugadas. O atendimento dava-se por algumas linhas isoladas e pouco articuladas, como a famigerada 3310-10 (Terminal Amaral Gurgel-Terminal Cidade Tiradentes), apelidada de “Rainha da Noite” e conhecida por ser a maior linha da cidade.

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COMMU participa de audiência sobre a mobilidade de Santo André

Os membros Diego Vieira (Mobilidade Santo André) e Caio César (um dos principais idealizadores do COMMU) participaram de uma audiência pública do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável do município de Santo André, uma das principais economias da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo) e do conjunto de municípios conhecido por nomes como ABC Paulista ou Grande ABC, embora oficialmente corresponda à Sub-região Sudeste da RMSP. Iniciado às 19 horas de segunda-feira, 13, e durando aproximadamente 2 horas, o evento contou com uma apresentação do diagnóstico de mobilidade realizado pela empresa Oficina Consultores, contratada pela municipalidade para a elaboração do plano de mobilidade.

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Choradeira envolvendo cancelamentos de viagens em apps como Uber e 99 retrata uma classe média que não se importa com ônibus e trens

Se considerarmos como classe média as famílias com renda mensal per capita, ou seja, por pessoa, numa faixa que se inicia em R$ 667,87 e termina em R$ 3.755,76, a exemplo do que fez o Instituto Locomotiva no primeiro semestre, talvez não seja um exagero levantar a hipótese de que, pelo menos os extratos mais altos dessa faixa, com renda superior a 1 ou 2 salários-mínimos, abrigam parte relevante da clientela de serviços de ride-hailing, como Uber e 99.

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