caos planejado

Tarifa zero não é bala de prata, mas pode valer a pena

Em seu artigo intitulado “A Tarifa Zero não vale a pena”, Anthony Ling apresenta uma série de argumentos (alguns deles acompanhados de referências relevantes) para sustentar, em suma, que: Tarifa zero custa muito caro e exerce uma pressão orçamentária relevante sobre outros serviços essenciais; Tarifa zero empobrece tanto sistemas de incentivos aos operadores existentes, quanto a percepção de qualidade da população usuária, que se torna mais leniente; Tarifa zero desestrutura mecanismos de equilíbrio entre oferta e demanda; Casos nacionais relevantes dependem de recursos como royalties de atividades de extração de recursos não renováveis, tais como minério e petróleo; O caráter universal da tarifa zero pode acarretar subsídios regressivos; A tarifa zero pode não resultar em migração modal do transporte individual motorizado para o transporte público coletivo; A tarifa zero pode reduzir a participação das viagens a pé e de bicicleta, resultando em migração modal do transporte ativo para o transporte público coletivo.

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Precaridade urbana não é questão de disposição

Em 23 de julho, discutimos no grupo do COMMU a respeito do artigo “O ideal da cidade compacta ainda faz sentido?”, publicado pelo site Caos Planejado em 25/02/2021. Participaram da discussão Pedro Geaquinto, Lucian De Paula e este que vos escreve, Caio César. Geaquinto iniciou a discussão questionando as conclusões de André Sette, autor do artigo. Para Sette, o planejamento urbano muitas vezes revela posturas contrárias ao urbano, o que é paradoxal:

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Os perigos das propostas de liberalização dos sistemas de transporte

Mais do que nunca, estamos cada vez mais entrincheirados em meio à troca de tiros entre partidos e candidatos. A cada minuto, são disparadas inúmeras informações sobre os mais diversos assuntos, por diferentes canais. Muitas das informações, no entanto, enveredam por uma disputa ideológica praticamente religiosa, que não busca ou omite determinadas informações. Cansados do fogo cruzado e das metralhadoras de desinformação, decidimos recuperar algumas considerações sobre a regulação de sistemas de transporte público coletivo.

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Discutindo privatizações: o fracasso do Reino Unido e o sucesso do Japão

Recentemente o Financial Times decidiu abordar a polêmica questão dos serviços ferroviários privatizados do Reino Unido. Polêmica, pois a opinião pública (e também de certos veículos da imprensa, vide vídeo a seguir) tem crescentemente favorecido a renacionalização. Aparentemente a perspectiva ideológica de promover a competição, o que supostamente elevaria a qualidade e reduziria os preços, acabou provocando justamente o efeito inverso. Legenda: Reportagem do Channel 4 News intitulada “Por que os trens da Grã-Bretanha são tão ruins — a nacionalização poderia resolvê-los?

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Reajustes tarifários recém-anunciados não estimulam discussões sobre fontes de financiamento

Introdução Sem delongas, gostaria de recuperar argumentos que foram publicados no passado e podem nos ajudar em mais um momento de contagem moedas e aperto no orçamento. Sei que a população já está reclamando dos reajustes, contudo, o papel do COMMU é formar consciência crítica. Sem consciência crítica o nível do debate não sobe e as reclamações perdem força muito rapidamente. O primeiro artigo que quero recuperar foi publicado pela sucursal brasileira do think tank WRI, intitulado “Além das tarifas: fontes alternativas para financiar um transporte coletivo de qualidade”, o artigo sumariza pontos de um evento que contou com a presença de dezenas de pessoas do setor de mobilidade urbana.

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