mobilidade urbana

As entrelinhas da preservação do Minhocão

Prólogo Recentemente o 32xSP publicou reportagem intitulada “Prefeitura autoriza Parque Minhocão, mas moradores sonham com demolição do elevado” a qual veiculamos na nossa página facebookiana, como parte da nossa postura de incentivar veículos regionais, veículos independentes e outras mídias que contribuem para um olhar mais plural sobre São Paulo e a metrópole. Introdução realizada, o que vale destacar é que a partir da divulgação, foram observados alguns pontos de vista nos comentários, os quais valem ser discutidos com maior profundidade e tranquilidade aqui no Medium, longe das pressões impostas por uma caixa de comentários e o imediatismo tão comum no Facebook e, talvez não seria exagero dizer, o imediatismo tão comum ao próprio Elevado.

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Linha 4-Amarela, foliões e hipocrisia

Falta de educação? Nas redes sociais, predomina o discurso de que a Linha 4-Amarela (Luz-Butantã) foi vitimada pela falta de educação de alguns foliões, contudo, aquilo que parece ser mera opinião não passa de um posicionamento incoerente, fruto de posições ideológicas que defendem uma concessão repleta de garantias e cuja contrapartida da concessionária vencedora foi irrisória, conforme já discutimos no passado. É um posicionamento que precisa, desde já, ser questionado.

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Cidade, local de democracia

Essa é uma frase que eu adoro e gostaria que mais gente entendesse. A democracia é acordo e concessão, é construção de consenso, é a queda de braço respeitosa lado a lado da ajuda mútua. Já a cidade é onde você faz essa democracia. Das inúmeras coisas negativas no país, ações e crenças que trazem retrocessos, atrasos, prejuízos, eu acredito que uma das piores é a ilusão de que democracia é sinônimo de eleições.

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Monotrilho vs. BRT: parte 1

Na metade de 2017, uma discussão surgiu em um de nossos posts no Facebook, nele divulgávamos uma notícia intitulada “Consórcio Intermunicipal ABC vai formalizar proposta de BRT no lugar de monotrilho na linha 18” e, a princípio, não havia motivo para escrevermos um artigo longo por sua causa, até recebermos alguns comentários reforçando pré-conceitos e concepções equivocadas sobre sistemas de monotrilho. O maior problema foi a impressão de que havia um otimismo exagerando envolvendo sistemas de BRT (Bus Rapid Transit).

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5 sinais de que o paulistano ainda não atingiu a maturidade

Abaixo estão elencadas cinco situações comuns, todas acompanhadas de alguns comentários e esclarecimentos. Em alguns casos, foram incluídas fotografias também. 1. Defender bairros residenciais de baixa densidade ao lado de importantes centralidades Aqui temos um dos maiores reflexos de um processo de urbanização fragmentado e conduzido pelo mercado, que quando não estava desregulado o suficiente, buscava capturar o poder público para garantir a predominância de suas práticas, supostamente as melhores práticas.

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Procura-se um milagre

Negligência milagrosa Intitulado “Milagre é pegar um trem 3 segundos antes das portas se fecharem”, a crônica de Jéssica Moreira romantiza suavemente a convivência do passageiro com as intermináveis obras de modernização da CPTM e a conivência com o mau comportamento, aquele mesmo que todos sabemos ser o causador de inúmeros atrasos e acidentes, mas que muitas vezes ignoramos na correria cotidiana. Vamos direto ao ponto. Um passageiro segurou a porta do trem e a passageira desesperada (vou assumir que se tratava da própria cronista) saiu correndo para entrar.

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Avaliando o serviço suburbano Artesp entre Itapevi e São Roque

Prólogo Numa linda tarde de sábado, 23 de setembro de 2017, passageiros se enfileiram num ponto mal sinalizado na região central de Itapevi. Esperam por um ônibus que conecta Itapevi a São Roque, passando pelo distrito de São João Novo. Trata-se de uma ligação que opera entre duas metrópoles: a de São Paulo e a de Sorocaba. Estamos numa espécie de “limbo institucional” e a EMTU não tem poder de atuação; a Artesp, responsável por fiscalizar o transporte rodoviário, é quem regula — de forma bastante frouxa, diga-se de passagem — o serviço.

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The Guardian reproduz senso comum em reportagem sobre São Paulo

Introdução Em 29 de novembro de 2017 o periódico britânico The Guardian publicou reportagem intitulada "The four hour commute: the punishing grind of life on São Paulo’s periphery", algo como “A viagem de quatro horas: o castigo da vida na periferia de São Paulo” em uma tradução livre. O texto é fruto de uma semana dedicada à cobertura de diversos aspectos da vida em São Paulo, no entanto, o olhar do jornal acabou resultando em algumas posturas que não parecem contribuir positivamente para a análise do problema, a começar pelo título, que além de ambíguo e caçador de cliques, acaba contribuindo para dobrar o problema de tamanho: permite a interpretação de que são quatro horas de viagem na ida e mais quatro horas de viagem na volta.

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Pare de tratar o transporte público como produto de prateleira

Insatisfação nas redes O Twitter e o Facebook se tornaram verdadeiros repositórios de insatisfação, acumulando resmungos e reclamações quando o assunto são os sistemas de transporte coletivo que atendem a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), incluindo a capital, enfim, aquilo que popularmente chamamos apenas de “transporte público”. A questão central é que muitas das manifestações de insatisfação que foram deixadas nas redes sociais, infelizmente, não parecem conectadas com um desejo verdadeiro de transformação da realidade.

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Concessão dos terminais de ônibus do Metrô: cadê a participação social?

O terreno está pronto Originalmente se falou em 17 terminais, conforme nós do COMMU adiantamos em artigo publicado em 21/09/2016, mas parece que o número final já está fechado: 15, a maioria deles na Linha 3-Vermelha (Itaquera-Barra Funda). São Paulo terá 15 terminais de ônibus integrados a estações do...São Paulo terá 15 terminais de ônibus integrados a estações do Metrô concedidos à iniciativa privada. Veja quais serão ▶ Publicado por Governo do Estado de São Paulo em Sexta-feira, 25 de agosto de 2017 Ana Carolina Nunes, conselheira do CMTT pela mobilidade a pé em São Paulo (veja mais sobre a câmara temática aqui), dispara uma série de questionamentos que, dada a postura habitual do governo estadual, infelizmente ficarão sem respostas:

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9 situações em que a CPTM supera o Metrô

Prólogo Como costuma ser defendido em vários dos artigos publicados pelo COMMU, a Região Metropolitana de São Paulo tem hoje e cada vez mais, dois sistemas de metrô, um nascido pelas mãos do município e o outro, fruto da “costura” e de diferentes ferrovias, que continuam sendo modernizadas e transportando cada vez mais passageiros a cada ano. Décadas de desinvestimento e a passagem por uma série de periferias e cidades menos prestigiadas da metrópole, no entanto, colocam um dos sistemas no limbo.

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Carta aberta: licitação dos ônibus em São Paulo

Na última quarta-feira (28/06) aconteceram as mais recentes audiências públicas regionais sobre a licitação do transporte sobre ônibus da cidade de São Paulo e assim como no dia 01/06, eu estive presente para participar e colaborar com o processo na audiência realizada na subprefeitura de Itaim Paulista. Os trabalhos começaram com a definição das regras de como seria feito o processo, assim, seriam quinze minutos de apresentação das diretrizes do projeto pelos técnicos da SPTrans, seguido por falas de três minutos por pessoas previamente inscritas e respondidas de pronto pela equipe técnica e, para finalizar, leitura e resposta às perguntas escritas.

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Pesquisa Origem e Destino 2017: A hora da verdade

Há quatro anos um aumento de vinte centavos na tarifa foi o estopim para a maior série de protestos da atualidade em São Paulo, repercutindo em diversas cidades em situação semelhante, em todo o país. Em atitude excepcional, o aumento foi revisto, o edital para renovação da concessão/permissão das linhas de ônibus foi adiado, o programa de implantação de faixas exclusivas de ônibus e ciclovias tomou força como solução de baixo custo e rápida execução.

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Reclame menos e colabore mais

Durante os últimos meses tem sido particularmente difícil produzir conteúdo para o COMMU, na realidade, nunca foi fácil, mas algumas reações de leitores e seguidores suscitam um verdadeiro sentimento de revolta, daí o título “Reclame menos e colabore mais”. Desde que começamos a “brincadeira” de escrever com profundidade, fugindo de um olhar distante e descompromissado (que, por sinal, é típico da imprensa tradicional), recebemos pouca ou nenhuma contribuição. Um elogio aqui e outro acolá, sim, recebemos, mas não é comum receber mensagens oferecendo ajuda ou de pessoas interessadas em participar com maior proximidade.

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Bate-papo com a SPTrans no Maio Amarelo

Introdução Centro de São Paulo, manhã de sábado, garoa e céu nublado, assim era a atmosfera da região que abriga o MobLab da SPTrans, local escolhido para sediar o primeiro encontro da estatal após as últimas eleições para a prefeitura da capital paulista. Confira o vídeo da transmissão na página da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes. Dentro do espaço, porém, o clima era outro: pelo menos uma dúzia de pessoas aguardava pelo início do evento.

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Clarinete ou saxofone? — A vitória do supérfluo

Introdução Não, não tem problema reclamar ou elogiar a maneira como uma concessionária decide se comunicar, a questão a ser levantada é outra: numa linha que tem apenas seis estações funcionando e não tem nem 15 km de extensão, é de se imaginar que uma boa parcela dos usuários não residam nos arredores de estações como Fradique Coutinho ou Butantã, é de imaginar que uma boa parte dos passageiros tenham saído da periferia da capital ou então de outros municípios da Região Metropolitana, utilizando pra isso outro meio de transporte, como a Linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí) da CPTM até a Estação Luz ou então a Linha 3-Vermelha (Itaquera-Barra Funda) da Companhia do Metropolitano até a Estação República.

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Retrocessos exigem serenidade

Enquanto a capital paulista vive altos e baixos, colecionando retrocessos, como a redução da prioridade aos ônibus, ameaças à infraestrutura cicloviária e aumento nas velocidades máximas das marginais, é preciso buscar serenidade para que a emoção não substitua completamente a razão, dificultando ainda mais o diálogo entre atores antagônicos, principalmente quando estes não passam de cidadãos comuns, os elos mais frágeis e mais numerosos de todo o processo político. Infelizmente, a metrópole continua implorando por infraestrutura, o que não é, absolutamente, “mais do mesmo”, mas resultado de um processo perverso de periferização.

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Percepções

O primeiro desafio era produzir algo diferente. Nas conversas entre membros, ficava claro que a cobertura da imprensa não agradava. Não agradava pois era rasa, sensacionalista ou até mesmo desonesta. Ficava claro que produzir análises mais aprofundadas não era o forte dos maiores e mais poderosos meios de comunicação, por outro lado, a mídia não hegemônica estava — e continua — fazendo um trabalho ruim, de baixa qualidade mesmo, pois o desejo compreensível de produzir um contraponto não se sustentava pela maneira como a postura opositora se dava, tão mesquinha e capturada por certos atores do plano político, que asfixiava qualquer chance de produção de uma análise mais rica.

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Tapa cotidiano

Sábado. Faltam uns 10 minutos para as 9h. Os trens sentido Francisco Morato circulam normalmente e a demanda, naturalmente, é baixa. No primeiro carro todos se sentam e mesmo com o maior tempo de partida, típico de um final de semana, sobram assentos. Da Luz até a Barra Funda são cerca de cinco minutos, vencidos sem muito esforço pelo hoje surrado trem de origem eslovena. Mesmo com poucas pessoas para embarcar e desembarcar, quem está na plataforma se mostra impaciente.

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O recado do Trem Metropolitano

Primeiramente, não pretendo aqui fazer uma crítica elogiosa à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, CPTM, mas provocar aqueles que usam e que não usam os serviços da estatal, ou mais especificamente, provocar aqueles que usam esporadicamente, como em… situações de greve daquela outra empresa estatal, a Companhia do Metropolitano de São Paulo, Metrô. Como muito do que escrevo, há um verniz social aqui, ou seja, muito do que pode ser lido a seguir dialoga com opiniões pinçadas naquele ou naquele outro canto das redes sociais.

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